Como eu não possuo
Olho em volta de mim.
Todos possuem
Um afecto, um sorriso ou um abraço.
Só para mim as ânsias se diluem
E não possuo mesmo quando enlaço.
Roça por mim, em longe, a teoria
Dos espasmos golfados ruivamente;
São êxtases da cor que eu fremiria,
Mas a minhalma pára e não os sente!
Quero sentir.
Não sei perco me todo
Não posso afeiçoar me nem ser eu:
Falta me egoísmo para ascender ao céu,
Falta me unção pra me afundar no lodo.
Não sou amigo de ninguém.
Pra o ser
Forçoso me era antes possuir
Quem eu estimasse ou homem ou mulher,
E eu não logro nunca possuir!
Castrado de alma e sem saber fixar me,
Tarde a tarde na minha dor me afundo
Serei um emigrado doutro mundo
Que nem na minha dor posso encontrar me
Como eu desejo a que ali vai na rua,
Tão ágil, tão agreste, tão de amor
Como eu quisera emaranhá la nua,
Bebê la em espasmos de harmonia e cor!
Desejo errado Se a tivera um dia,
Toda sem véus, a carne estilizada
Sob o meu corpo arfando transbordada,
Nem mesmo assim ó ânsia! eu a teria
Eu vibraria só agonizante
Sobre o seu corpo de êxtases doirados,
Se fosse aqueles seios transtornados,
Se fosse aquele sexo aglutinante
De embate ao meu amor todo me ruo,
E vejo me em destroço até vencendo:
É que eu teria só, sentindo e sendo
Aquilo que estrebucho e não possuo.