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Aline Cogitare

Eu.
Eu, sempre tendo problemas de definição de personalidade talvez.
Sempre achando que não estou bem o bastante para me reconhecer como Eu.
Sempre tendo problemas com a aparência, desejando ser mais atraente, mais legal Menos tímida.
Só não dá.
Eu Sempre dando trabalho pra mim mesma.
Sempre querendo ser livre.
Eu, sonhando acordada.
Eu, com meu autismo por opção.
Ou não.
Sempre sonhando em voar.
Acreditando no íntimo que ainda existe mágica no mundo.
Esteja ela em um filme belo, onde pessoas possam respirar dentro da água Ou quando um beijo pode sarar feridas.
Sempre fugindo da realidade e então como um ímpeto! Encarando a e me divertindo a vontade.
Eu, sempre eu.
Sempre eu.
Sempre desastrada e brincando com feridas passadas.
Eu, sempre achando que ainda vou achar a cura para a fome do mundo.
Sempre pensando o impossível.
E sempre pensando que o impossível é possível.
Sempre, sempre pensando.
Eu, egocentrismo exacerbado.
Pensando em como encarar o dia seguinte antes do dia atual terminar.
Sem saber o que falar e falando a primeira besteira que me vem a cabeça.
Ou então não falando nada.
Tenso.
Sempre rindo do nada, do babaca e do tal “impossível”.
Sempre achando que pra tudo tem cura, até para um coração partido.
Mas quando vou cuidar de mim, ás vezes acabo esquecendo.
Sim, pensando em como vou resolver tudo sozinha.
O Eu não gosta de envolver pessoas alheias em problemas que são seus, só Seus.
Sempre olhando os outros.
Aqueles que o Eu se preocupa tanto que chega a ser bom e ruim.
Um sentimento quase nulo.
Quase eterno.
Quase sem querer.
Pensando: “Será que eles estão bem hoje E sorrindo.
Como se ninguém mais conseguisse tirar esse sorriso.
O Sorriso que criou se para eles.
Até como se Tivesse nascido deles.
E o eu Ah..
O EU!
Como sendo esse Eu, tão sem noção imprevisível cheio de defeitos e algumas qualidades O que seria do Eu
Sem eles !
Simples.
(;
Não seria Eu.
Simplesmente um alguém sem ninguém.
Um alguém sem eles.
Aline Batista Correia

Amor próprio
Arrumando as coisas
Fiz um poema de amor.
Ele parecia colorido demais.
Coloquei nele todas as coisas especiais.
Tirei das prateleiras de cima, as empoeiradas paixões.
Ao assoprar não apenas ví, como enxerguei o bonito que nunca tinha percebido.
Para parecer coincidência, tropecei numa caixa de sapatos velha.
E nela encontrei meu amor próprio.
Ele parecia bem surrado, mas era uma das poucas coisas que poderia afirmar "é meu".
Resolví entitular o poema com ele.
Sentí uma brisa vinda das frestas da janela.
Então a abri.
O vento entrou e roubou me um beijo.
"Sedutor barato! " Pensei.
Aproveitei e tornei a admirar a natureza.
Infelizmente tinha muita natureza morta.
A mesma onde escrevo o poema.
Pensei.
Resolvi.
Percebi.
Pensei "O que fazer com esta vida, afinal " Resolvi que não pensaria mais nisso.
Percebi que precisava terminar o poema.
Ao contrário, li um pouco de Schopenhauer.
Lembrei que o acho engraçado.
Mas esqueci o por quê.
O pus de volta na estante.
Por fim, ví cartas na mesa.
De amigos que nunca mais ví.
De amores que já esquecí.
De mentiras que nunca direi.
De verdades que eu já sorrí.
Eis que a carteira cai e abre.
Com a foto de uma familiar família.
E por fim concluí o poema de Amor.
Não totalmente concluído.
Não tão cheio de amor.
Poderia lembrar de mais alguém.
Que me faz neste momento tão Feliz.
Então lembrei que um velho conhecido disse: "todas as cartas de amor são ridículas".
E aí que isso não é uma carta.
Mas sim um poema!