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Demétrio Sena Magé RJ.

AOS QUE APEDREJAM EM NOME DE DEUS
Demétrio Sena, Magé RJ.
No passado, quando a igreja católica instaurou a inquisição, ela não o fez por ser a igreja católica, e sim, por estar no poder, ser absoluta e composta por seres humanos.
O ser humano é assim: faz do poder que tem em mãos uma arma de opressão ao próximo, visando a manutenção da própria supremacia e o domínio de seus conceitos, pensamentos, ideias e filosofias.
Quem comunga é amigo; aliado; parceiro; irmão.
Quem não o faz, é inimigo; representa o perigo iminente; tem que ser extirpado e virar exemplo para que mais ninguém discorde.
Qualquer denominação religiosa que tivesse o mesmo poder político e o domínio absoluto, naqueles tempos de ignorância também absoluta ou quase, faria igual.
Dominaria pelo medo, a força, o castigo, a tortura e a morte.
E para justificar as atrocidades, faria tudo em nome de Deus e com a fantasia do combate ao diabo.
Às forças do mal.
Com tais artifícios a igreja, católica ou não, sempre teve nações ao seu lado; multidões enfurecidas dispostas a tudo para defender a santidade ostensiva e truculenta de suas greis.
Hoje, pelo menos no Brasil, vemos a tentativa do retorno à inquisição, pelos evangélicos fanáticos.
E quem são os evangélicos fanáticos Não há como classificar por denominação, pois são muitas as denominações evangélicas, e corremos o risco de ser injustos, mas pode se dizer que se trata de um grupo cada vez maior.
Que avança vertiginosamente.
Nesse passo, existe o risco de tal grupo crescer tanto, a ponto de alcançar a supremacia, o poder absoluto, via trâmites políticos.
Afinal, sabemos que a política vai onde a multidão está.
O poder público, para sua manutenção, sempre se deixará dobrar pelos que representam mais votos; mais poder.
E os religiosos que visam a supremacia dispensam escrúpulos, esquecem a ética e não medem atos nem esforços para conseguirem dominar e a cada dia,esses grupos têm mais líderes e fiéis enfiados nos palácios dos poderes, com o único fim de se fortalecerem corporativamente.
Apedrejar umbandistas nas ruas já é inquisição.
Tanto quanto ofender, segregar, fazer piadas, prejudicar e quando os líderes religiosos martelam incessantemente nos templos, que os umbandistas são do diabo; que as testemunhas de Jeová, os budistas, espíritas e outros mais também são do diabo, incitam a intolerância; o ódio; a ignorância que gera tudo contra o que toda religião deveria pregar.
E pregaria, se fizesse o certo.
Se não distorcesse os ensinamentos originais.
Aonde andam os seres humanos de boa vontade Sem eles, cadê a paz que deveria estar na terra Quem ensinou a jogar pedra no próximo Cristo Buda Kardec Maomé Deus Quem Religiões ou seitas (para mim não há diferença, senão pelo preconceito) deveriam ensinar amor, compreensão, respeito às diferenças e ao arbítrio, que é livre; não pode ser forçado por pedras, xingamentos, intimidação.
Não me sinto em um país com liberdade de culto.
De religião.
Muito menos com liberdade para não ter religião, como é meu caso.
Às vezes, de alguma forma, também me sinto apedrejado por muitos religiosos; entre os quais, alguns amigos e familiares.
Tomara que nunca seja também, de fato, apedrejado, e torço para que as pessoas hoje apedrejadas por causa de suas crenças ou orientações de fé deixem de sê lo.
Vejam quanta ironia: um não religioso pedindo paz aos religiosos.
Um "perdido" pedindo aos "salvos" que amem o próximo.
Um homem "sem Deus no coração" pregando a união, o bem viver e a comunhão humana, esperançoso de que os "ungidos" se conscientizem dessa necessidade.
Precisava dizer tudo isto.
Que me perdoem os que se julgam ou são de fato melhores do que eu e se não for possível, que alguém me atire a última pedra só assim não restará mais nenhuma para ser atirada, inclusive, nesse alguém.

AO PROFESSOR QUE NASCEU PARA SER PROFESSOR
Agradeço todos os dias ao destino, pela graça de ser educador.
Arte educador.
Inserir me nesse contexto como profissão me fez mais do que um profissional: alguém que se reconhece como quem nasceu para isso.
Tenho, evidentemente, minhas angústias relacionadas a proventos, condições ideais de trabalho e as grandes dificuldades externas que acompanham nossos alunos até os espaços formais de aulas, oficinas e projetos educativos, tanto no conceito pedagógico, especificamente, quanto nos conceitos da arte e da cidadania.
Sou um professor que não dá nota.
Que pode mudar, todos os dias, as estratégias para vender suas ideias e seduzir os alunos.
Atraí los para contextos mais prazerosos do que a obrigação de alcançar notas e pontos para passar de ano.
Às vezes, adulá los.
Talvez por isso, eu não tenha nem condições de alcançar a grandeza dos esforços diários dos professores em disciplinas obrigatórias, que têm a dura missão de preparar pessoas para o mercado de trabalho.
Para disputas mercadológicas e a sobrevivência em uma sociedade competitiva e cruel, devido à falta de espaço confortável para conquistas.
Não tenho a mínima condição de avaliar precisamente a realidade total das salas de aula, mas sempre que vejo um professor de pelo menos alguns anos de profissão, admiro o profundamente por ter atravessado esses anos, diante do que vejo.
São muitos e muitos os professores que portam condições plenas de abraçar profissões muito mais rentáveis, e o fariam competentemente, mas não fogem do que escolheram, porque seriam somente profissionais.
E como nasceram para ser professores, não seriam felizes se não fossem profissionais e seres humanos, como tem que ser, mais do que ninguém, quem nasceu para ser professor.
Reitero, portanto, meu profundo respeito e minha admiração aos que trabalham com amor e sofrimento; com revolta e dedicação; com sorrisos muitas vezes salobros, porque se misturam ao pranto, mas logo se sobressaem, porque o amor ao que fazem tem sempre reserva de otimismo.
Ao mesmo tempo, meu desprezo profundo e a não admiração aos patrões da educação tanto particular quanto pública e aos cidadãos de má vontade responsáveis pelo sofrimento, a revolta e as lágrimas do professor que nasceu para ser professor.