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Demétrio Sena Magé RJ.

ALEGRIA DE PROFESSOR
Demétrio Sena, Magé RJ.
Meu querido ex aluno; é com satisfação e grande orgulho que o reencontro e constato que você se formou um homem digno.
De bem.
Admiro grandemente sua desenvoltura e a simpatia no atendimento a tantas pessoas diferentes.
De culturas, condições econômicas diversas e temperamentos opostos.
Venho sempre aqui, por se tratar de um espaço gastronômico democrático, ao alcance até mesmo de um simples professor como eu.
Você deve ser novo nesta casa, pois é a primeira vez que me atende.
A propósito, sabe quem vi um mês atrás Marcele; a menina endiabrada e linda que adorava beijar os meninos da classe para provocar ciúmes em todos eles; lembra Ela também está ótima; bem sucedida como você.
Trabalha honestamente.
Creio que se tornou comissária de bordo.
Quem não encontro faz muitos anos é o Tião Azulão, aquele menino tímido que a turma toda zoava por causa do cacoete com os olhos, mas tive notícias suas que me deixaram feliz como estou agora: ele comprou um terreno de bom tamanho, na roça, depois de receber uma ótima indenização por processo movido contra uma empresa em que trabalhou.
Nesse terreno, Tião arregaçou as mangas e fez uma bela plantação de coqueiros.
Fornece cocos para vários quiosques em uma praia do Rio.
Bem; agora preciso ir.
Foi realmente um prazer encontrá lo.
É sempre ótimo ter boas notícias de meus ex alunos.
Saber que seguiram suas vidas com dignidade, não importa em que profissões.
Com muito ou pouco estudo, muita gente se perde pela vida e julga ter sucesso, tão somente por ganhar muito dinheiro com o que faz, mesmo levando a sociedade ao caos.
É o caso dos traficantes, agiotas, milicianos, sequestradores, políticos e similares.
Ainda bem que vocês, ao invés disso, têm coragem para trabalhar.

AO PROFESSOR QUE NASCEU PARA SER PROFESSOR
Agradeço todos os dias ao destino, pela graça de ser educador.
Arte educador.
Inserir me nesse contexto como profissão me fez mais do que um profissional: alguém que se reconhece como quem nasceu para isso.
Tenho, evidentemente, minhas angústias relacionadas a proventos, condições ideais de trabalho e as grandes dificuldades externas que acompanham nossos alunos até os espaços formais de aulas, oficinas e projetos educativos, tanto no conceito pedagógico, especificamente, quanto nos conceitos da arte e da cidadania.
Sou um professor que não dá nota.
Que pode mudar, todos os dias, as estratégias para vender suas ideias e seduzir os alunos.
Atraí los para contextos mais prazerosos do que a obrigação de alcançar notas e pontos para passar de ano.
Às vezes, adulá los.
Talvez por isso, eu não tenha nem condições de alcançar a grandeza dos esforços diários dos professores em disciplinas obrigatórias, que têm a dura missão de preparar pessoas para o mercado de trabalho.
Para disputas mercadológicas e a sobrevivência em uma sociedade competitiva e cruel, devido à falta de espaço confortável para conquistas.
Não tenho a mínima condição de avaliar precisamente a realidade total das salas de aula, mas sempre que vejo um professor de pelo menos alguns anos de profissão, admiro o profundamente por ter atravessado esses anos, diante do que vejo.
São muitos e muitos os professores que portam condições plenas de abraçar profissões muito mais rentáveis, e o fariam competentemente, mas não fogem do que escolheram, porque seriam somente profissionais.
E como nasceram para ser professores, não seriam felizes se não fossem profissionais e seres humanos, como tem que ser, mais do que ninguém, quem nasceu para ser professor.
Reitero, portanto, meu profundo respeito e minha admiração aos que trabalham com amor e sofrimento; com revolta e dedicação; com sorrisos muitas vezes salobros, porque se misturam ao pranto, mas logo se sobressaem, porque o amor ao que fazem tem sempre reserva de otimismo.
Ao mesmo tempo, meu desprezo profundo e a não admiração aos patrões da educação tanto particular quanto pública e aos cidadãos de má vontade responsáveis pelo sofrimento, a revolta e as lágrimas do professor que nasceu para ser professor.