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Laís Heidemann

Em uma noite dessas de verão, eu estava sentado em um restaurantezinho qualquer, apenas para sair, depois de um fim de semana inteiro enfurnado em casa.
E notei uma garota de cabelos castanhos e olhos azuis ou verdes, fiquei indeciso quanto a cor de seus olhos.
Ela estava sozinha, imaginei que estivesse esperando alguém, e tive certeza ao ouvir sua voz suave falando pelo celular com, aparentemente, um cara, perguntando se ele demoraria muito para chegar.
E aí as horas foram passando, e se estendendo..
até eu notar a expressão triste da garota, que ainda estava sozinha.
Bebi uma ou duas doses de whisky, tomei coragem e fui falar com ela, mas a conversa acabou não saindo como eu esperava.
A deixei nervosa e vi seus olhos lacrimejarem.
Depois de umas tentativas frustradas de me desculpar pelas minhas escolhas erradas de palavras ao falar sobre ela e o rapaz, ela me disse que eu não sabia nada sobre os dois e que eu deveria cuidar dos meus problemas.
Fico mal em concordar, mas é a pura verdade: eu deveria cuidar mais dos meus problemas.
Só que enquanto ela me falava coisas e mais coisas para me sentir mal, a única coisa com que eu me preocupava era que eu ainda não havia perguntado o nome dela.
E sem nem ao menos pensar, a interrompi, perguntando seu nome.
Ela se levantou, pegando sua bolsa branca combinando com o tom de sua pele, disse que era Lana e logo foi me dando tchau.
Me levantei tentando alcançá la, pois ela andava rápido, mas ela olhou pra trás e eu só tive a chance de olhá la nos olhos.
A última visão que tive de Lana: os olhos.

Há acasos em que a vida te leva a tropeçar em um caminho que você nunca havia visto antes e te mostra que antes sempre teve fim, para um outro começo ter chance de ser infinito.
Foi o que aconteceu com Cecília e o garoto de olhos escuros.
Ela aparentava tanto ser forte, que era quase difícil imaginá la com olhos inchados debaixo do chuveiro.
Já ele, bem vivido, tinha o péssimo costume de abandonar quem o queria bem.
Típico de protagonista bonzinho, e dessa vez, não seria diferente.
Era uma noite calma aquela em que duas almas se conectaram.
E foi o impacto do mistério que fez a garota de cabelos castanhos ansiar pelos toques do rapaz, até então, não nomeado.
Ele parecia ter o manual de tudo o que Cecília desejava, desde o perigo, até seu impetuoso modo de instigá la.
Ela, prematuramente, almejava ser algo desejável para ele.
Vinicius, dono dos olhos que a devoravam delicadamente.
Tentador, como o veneno que agrada, e vicia.
Olhos que a provocavam e encarnavam todos seus anseios escondidos por trás de toda a sutilidade que ela carregava.
Ele a despertou o lado inesperado e proibido do mundo.
Ela, o instinto de proteção que parecia não existir em parte alguma do corpo convidativo de Vinicius.
Ambos sabiam a delicadeza que carregavam em si, depois de noites envolventes, e conversas sobre qualquer coisa que pudera proporcionar bons momentos a serem lembrados.
Os olhos escuros do rapaz combinavam estranhamente com os claros da garota, assim como os corpos possivelmente se fundiriam em um só, por um encaixe tão perfeito.
Ah, a vida e seus destinos traçados de última hora.
Chega a ser confortante saber que o ruim, no final, acaba te trazendo algo melhor que o passado e mais intenso que o futuro, assim como Vinicius foi para Cecília, sua insanidade, e Cecília foi para Vinicius, seu ato de redenção.
E continuará sendo, até um novo caminho invadir os corações pertencentes ao acaso mais certo que já aconteceu.

Em uma noite dessas de verão, eu estava sentado em um restaurantezinho qualquer, apenas para sair, depois de um fim de semana inteiro enfurnado em casa.
E notei uma garota de cabelos castanhos e olhos azuis ou verdes, fiquei indeciso quanto a cor de seus olhos.
Ela estava sozinha, imaginei que estivesse esperando alguém, e tive certeza ao ouvir sua voz suave falando pelo celular com, aparentemente, um cara, perguntando se ele demoraria muito para chegar.
E aí as horas foram passando, e se estendendo..
até eu notar a expressão triste da garota, que ainda estava sozinha.
Bebi uma ou duas doses de whisky, tomei coragem e fui falar com ela, mas a conversa acabou não saindo como eu esperava.
A deixei nervosa e vi seus olhos lacrimejarem.
Depois de umas tentativas frustradas de me desculpar pelas minhas escolhas erradas de palavras ao falar sobre ela e o rapaz, ela me disse que eu não sabia nada sobre os dois e que eu deveria cuidar dos meus problemas.
Fico mal em concordar, mas é a pura verdade: eu deveria cuidar mais dos meus problemas.
Só que enquanto ela me falava coisas e mais coisas para me sentir mal, a única coisa com que eu me preocupava era que eu ainda não havia perguntado o nome dela.
E sem nem ao menos pensar, a interrompi, perguntando seu nome.
Ela se levantou, pegando sua bolsa branca combinando com o tom de sua pele, disse que era Lana e logo foi me dando tchau.
Me levantei tentando alcançá la, pois ela andava rápido, mas ela olhou pra trás e eu só tive a chance de olhá la nos olhos.
A última visão que tive de Lana: os olhos.

Não dá.
Posso começar falando isso Foi como ela veio falar comigo no domingo a noite.
Fiquei meio perdido.
Pedi uma frase com mais sentido, ou com um “oi” antes, no mínimo.
E ela “Oi..
Olha só, não dá”.
Pensei que fosse ironia, implicância.
Mas acho que ela só estava tentando ser objetiva.
Embora tenha sido tão fria quanto as cervejas que eu tinha bebido um dia antes, juro que a imaginei com olhos lacrimejando e um semblante de quem quer acreditar que seja o melhor.
Ela veio dando “oi” no maior clima de “adeus”.
Controvérsias de só quem presencia o término de relacionamento sabe.
Foi estranho.
Eu não sei explicar sobre isso.
Até porque relembrar é auto tortura.
Mas posso dizer que foi uma droga ir pro bar e saber que ela não reclamaria de eu ter ido de novo no meio de semana por não conseguir sossegar em casa.
Ela entendia que era meu jeito, mas gostava de implicar com essas coisas só pra demonstrar que se importava, e eu gostava do modo como ela fazia isso.
Não sei mais se gosto, se sei gostar.
Não sei se eu ainda gostaria de ler em seus lábios a pronúncia do “eu te adoro” dito pra mim em bom tom.
Mas eu sei que ela se arrepende.
Me avisando que sentia falta e eu apenas dizendo que não esperava isso dela.
Óbvio que não esperava.
Acha que dá pra terminar e depois voltar dizendo que a saudade apertou e vai tudo regredir Eu sinto muito mesmo.
Falei que poderia vir conversar comigo quando precisasse da minha amizade, mas “melhor não” disse ela.
Fui simpático, já que ela se encontra em uma parte da minha vida.
Só que como antes não tem como voltar a ser.
Desculpa, mas não dá.