A poesia pode ser demasiadamente verdadeira.
Pura como água destilada.
Quando a verdade não é nada senão a verdade, ela é antinatural; uma abstração que com nada se parece do mundo real.
Na natureza há sempre tantas coisas estranhas misturadas à verdade essencial! Eis porque a arte nos comove: precisamente porque está depurada de todas as impurezas da vida real.
As orgias verdadeiras nunca são tão excitantes como os livros pornográficos.
Num volume de Pierre Louys todas as raparigas são jovens e tem formas perfeitas; não há soluços de bebedeiras, nem mau hálito, nem fadiga, nem tédio, nem lembranças súbitas de contas a pagar ou de cartas comerciais a responder; nada disso para interromper os arrebatamentos.
A arte nos dá a sensação, o pensamento, o sentimento absolutamente puros; isto é: quimicamente puros.