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Demétrio Sena Magé RJ.

TRAIÇÃO FIEL
Demétrio Sena, Magé RJ.
Todos nós precisamos de alguém do gênero oposto, que não seja cônjuge ou amante, mas em quem possamos confiar como não confiamos em mais ninguém.
Nem mesmo em nós.
Uma pessoa que amamos de forma separada, especial, como não saberíamos explicar ao próprio espelho.
Muito menos a quem devemos explicações formais.
Jamais seremos completos, não havendo essa pessoa para quem podemos expor o íntimo, as nuances d´alma, os medos, conflitos e fraquezas, sem o contexto banalizado das relações discutidas .
Tirar a máscara e também a roupa, ganhar colo, trocar carinhos e confidências, mas não deixar que a beleza dessa mais que amizade caia no lugar comum dos romances instituídos que todo o mundo já tem.
Temos que ter esse alguém cujo laço é preciso esconder, pois o mundo não teria olhos nem coração para entendê lo.
Precisamos desse pecado santo.
Dessa infidelidade sem pecado.
Dessa traição fiel que não faz sofrer nem corrói os laços obrigatórios de uma sociedade cristalizada que não sobrevive sem suas faixas e formalidades.
Trata se de um tesouro afetivo.
Quase ninguém tem, porque se proíbe, não acredita quando acha ou transforma no que não pode ser.
Hoje posso gritar para mim mesmo, como aquela criança que se vangloria perante as outras por ter um bem pessoal que todas ambicionam, mas no seu meio, ninguém mais possui: "Eu tenho! Você não tem! Eu tenho! Você não tem! ".

AO PROFESSOR QUE NASCEU PARA SER PROFESSOR
Agradeço todos os dias ao destino, pela graça de ser educador.
Arte educador.
Inserir me nesse contexto como profissão me fez mais do que um profissional: alguém que se reconhece como quem nasceu para isso.
Tenho, evidentemente, minhas angústias relacionadas a proventos, condições ideais de trabalho e as grandes dificuldades externas que acompanham nossos alunos até os espaços formais de aulas, oficinas e projetos educativos, tanto no conceito pedagógico, especificamente, quanto nos conceitos da arte e da cidadania.
Sou um professor que não dá nota.
Que pode mudar, todos os dias, as estratégias para vender suas ideias e seduzir os alunos.
Atraí los para contextos mais prazerosos do que a obrigação de alcançar notas e pontos para passar de ano.
Às vezes, adulá los.
Talvez por isso, eu não tenha nem condições de alcançar a grandeza dos esforços diários dos professores em disciplinas obrigatórias, que têm a dura missão de preparar pessoas para o mercado de trabalho.
Para disputas mercadológicas e a sobrevivência em uma sociedade competitiva e cruel, devido à falta de espaço confortável para conquistas.
Não tenho a mínima condição de avaliar precisamente a realidade total das salas de aula, mas sempre que vejo um professor de pelo menos alguns anos de profissão, admiro o profundamente por ter atravessado esses anos, diante do que vejo.
São muitos e muitos os professores que portam condições plenas de abraçar profissões muito mais rentáveis, e o fariam competentemente, mas não fogem do que escolheram, porque seriam somente profissionais.
E como nasceram para ser professores, não seriam felizes se não fossem profissionais e seres humanos, como tem que ser, mais do que ninguém, quem nasceu para ser professor.
Reitero, portanto, meu profundo respeito e minha admiração aos que trabalham com amor e sofrimento; com revolta e dedicação; com sorrisos muitas vezes salobros, porque se misturam ao pranto, mas logo se sobressaem, porque o amor ao que fazem tem sempre reserva de otimismo.
Ao mesmo tempo, meu desprezo profundo e a não admiração aos patrões da educação tanto particular quanto pública e aos cidadãos de má vontade responsáveis pelo sofrimento, a revolta e as lágrimas do professor que nasceu para ser professor.