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Arthur Schopenhauer

A jovialidade e a coragem da vida, características da juventude, devem se em parte ao fato de estarmos a subir a colina, sem ver a morte situada no sopé do outro lado.
Porém, ao transpormos o cume, avistamos de fato a morte, até então conhecida só de ouvir dizer.
Ora, como ao mesmo tempo a força vital começa a diminuir, a coragem também decresce, de modo que, nesse momento, uma seriedade sombria reprime a audácia juvenil e estampa se no nosso rosto.
Enquanto somos jovens, digam o que quiserem, consideramos a vida como sem fim e usamos o nosso tempo com prodigalidade.
Contudo, quanto mais velhos ficamos, mais o economizamos.
Na velhice, cada dia vivido desperta uma sensação semelhante à do delinquente ao dirigir se ao julgamento.
Do ponto de vista da juventude, a vida é um futuro infinitamente longo; do da velhice, é um passado bastante breve.
Desse modo, o começo apresenta se nos como as coisas ao serem vistas pela lente objetiva do binóculo de ópera; o fim, entretanto, como se vistas pela ocular.
É preciso ter envelhecido, portanto ter vivido muito, para reconhecer como a vida é breve.
O próprio tempo, na juventude, dá passos bem mais lentos.
Por conseguinte, o primeiro quartel da vida é não só o mais feliz, mas também o mais longo, e deixa muito mais lembranças, sendo que cada um poderia contar muito mais coisas sobre ele do que sobre o segundo quartel.
Como na primavera do ano, também na da vida os dias acabam por tornarem se incomodamente longos.
No outono de ambos, tornam se mais breves, porém mais serenos e constantes.