É que essa pisciana sempre foi essa menina doida, perdida no mundo, vivendo por amor.
que escreve coisas sem pensar, que fala com os olhos, que grita com o corpo é que eu nunca sobe lidar com a vontade, a saudade e a ausência, não sem surtar, sem confundir, é que ela é feita como um cão que se sente abandonada se o amigo demora pra chegar, pra afagar, ela fica inquieta, acuada, aflita, afoita.
é que o seu coração é um vulcão em erupção, à queima, explode, machuca.
escorre lava pelas veias.
é que esse é o seu jeito, não sabe se existe de outra maneira.
sangra fácil, se mutila, chora sozinha, tem medo.
é que ela também sabe que o ontem passou, mas acredita que o hoje terá vestígio de ontem, e o amanhã é fruto de hoje, então o ontem ainda à dói.
é que ela tem uma visão tão doce do mundo, mesmo quando ela se irrita ou implica de graça, mesmo quando a porrada é tão forte que a atira no chão, suas lentes de contato são feitas de açúcar.
É que ela sabe que as vezes é tão louca que assusta, tão triste que a preocupa, tão intensa que a surpreende, tão sentimental que a enjoa.
é que ela nasceu pra transbordar, pra alastrar.
sua mãe sempre dizia: é fogo te aturar, menina.
pois é, mamãe, Essa pisciana brasa.
é fogo.
é chama, é um incêndio; ela é sua filha e eu sou pisciana.