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Ninna Carpentier

Sou grata pelos meus relógios de pulso super chiques e coloridos.
Eu usava as minhas melhores canetinhas para obtê los.
Sou grata pelos cachorros vira latas que tive.
Nenhum de raça, (daqueles que comem ração barata e leite), mas que foram tratados por mim e pela minha família como se de raça fossem.
Sou grata pelas vezes que minha mãe costurou o meu uniforme da escola e remendou meus chinelos havaianas que quebraram enquanto eu corria atrás de pipa.
Pipa esta, que eu mesma fazia.
Sou grata pelos pés de jambo e de manga que foram meu café da manhã sob uma vista linda do alto da árvore.
Sou grata pela chuva escoando a beira da calçada que me permitiu sorrir feliz com meus barquinhos de papel.
Sou grata pela foto clássica do colegial sob a mesa da professora com a bandeira da pátria de fundo.
Hoje eu tenho muitas selfies, mas (sem dúvida) aquela é a minha melhor fotografia.
Sou grata pelo cheiro de café (que não é gourmet) feito no coador de pano acompanhado pelo pão caseiro da minha avó.
Grata pelos afogamentos nos rios e pelas piabinhas que eu pescava no brejo, eu queria cuidá las, mas elas sempre morriam.
Sou grata pela cadeira de balanço na porta da rua.
Dali eu via o mundo, e sabia de todas as histórias dos vizinhos.
Sou grata pela penca de banana que eu dividia com meus irmãos, papagaios e periquitos.
Sou grata pelo vestido lindo que a minha mãe me fez, igualzinho aquele muito caro da revista.
Sim! Eu sou muitíssimo grata à vida!

NAMORADA DE SURFISTA
Depois dessa viagem eu descobri um pouco mais sobre o amor.
Volto decidida a viver, ou estar próxima de quem realmente "vive".
Numa psicodelia saudável – tal qual essa foto – de uma existência sempre em contato com a natureza.
Ser namorada de surfista é conhecer praias quase que desertas.
É viajar para destinos paradisíacos antes deles serem tomados pelo dinheiro que acompanha o turismo exaustivo.
É poder sair de Havaianas e bermuda, agarrada a um mega material técnico dentro mochila.
Tralha suficiente para ir morar na lua.
Ele não sabe muito bem pra que aquilo tudo serve, mas sempre serve!
Ser namorada de surfista é acompanhá lo nos dias de semana, que é quando a praia está mais vazia.
Eu sempre dou a maior força para ele ir surfar, porque enquanto eu o espero na areia, estou certa de que no regresso ele vai estar calmo, bem disposto e feliz.
Felicidade estampada naquelas covinhas!
Estamos sempre na função, na logística das marés e previsões meteorológicas.
Onde, se tudo vai bem, eu vou também! Como uma mini lua de mel – só que periódica.
Alojados preferivelmente numa barraca maneira que nos reserve o privilégio da brisa do mar, ao invés de um milionário resort que costumo comparar à um presídio, só que de lazer.
Mal posso esperar até ver outras tartarugas, amendoeiras, jequitibás centenários e araras azuis.
Pra acordar onde o vento sopra, onde a água é fria e o sol nasce às 5:00 da manhã no morro.
Ser namorada de surfista é dividir a minha bagagem com as pranchas e ter a esperança de numa dessas trilhas dar de cara numa praia com ondas.
Onde ao fim da noite ele me traz sal e areia para a nossa cama.
Bastante combustível também pra apaziguar a adrenalina! Uns afagos entre malas e bermudas cheias de parafina.
" Você não tem ciúmes " Ah é difícil não ter ciumes daquela delícia de corpo moreno, mas o que divide o olhar do meu garoto não são as curvas das mulatas de praia, e sim as curvas da motos e das incontáveis pranchas guardadas no quartinho.
Ser namorada do praiano é só para quem gosta de todas essas condições.
Não do surf, nem do mar, nem da praia, nem do pico, mas pra quem gosta – único e exclusivamente – do surfista.
#blogdaninna