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Fernanda Young

Sobre a Solidão
Entender é trancar se dentro da palavra.
Quem não sabe, quem não sabe, quem não quer saber de nada gruda a língua no céu da boca, não escuta e finge que não vê.
Entender é um outro nível da ignorância.
Bastaria um toque se fôssemos livres.
Não é preciso nenhum livro para quem pode não ler.
Se quisermos, amiga, não entendemos nada
Tem quem prefira os beijos às palavras.
Tem quem não viva sem um off dizendo não, o tempo todo.
Tem gente de tudo o que é tipo.
Só não devemos viver sem o sentido, sem a realidade, o objeto, o eu e o você.
Somos infelizes.
Jamais sobreviveríamos à liberdade de leves e inconsequentes ações.
Vamos, vamos logo subir essa escada que leva o amor ao último andar.
Estamos descalços e o mármore gela os nossos pés.
Sobe pelo corpo o tremor do castelo que desmorona.
Então vamos, segura firme no corrimão.
Respire fundo.
Subir tão alto dá vertigem e olhar para trás deixaria nos cegos.
Os erros são medusas intransigentes, arrancam as nossas lembranças boas e tatuam os desaforos e mágoas.
Por isso, marche! Ainda estou contigo.
Para ir até o fim da paixão deve se estar acompanhado.
Sinta o meu perfume enquanto o vento do tempo sopra esse bafo de mudança.
Se quiser, dou lhe o braço.
Entraremos no salão da grande dança.
A quadrilha dos desafortunados só começa quando o poeta recita a dor de um adeus.
Pronto.
Mais alguns passos e poderemos nos soltar no espaço.
Livres.
Serenos.
E tristes.
Vamos logo.
Não há mesmo como evitar a covardia.
Não há coragem para se ir até o fundo.
É isso, meu amor, agora só mais um degrau e você estará – de novo – em paz com o seu coração vazio.
Por isso, vamos!
O nada não inspira, não treme os sexos, não dá calafrios, nem ciúmes; Não cria o ódio, nem teme o abandono.
Ali você poderá descansar sem culpa, remorsos, sonhos estúpidos.
Amar proibido é muito.
Causa tanto estrago
E por isso, por tudo isso, vamos!
No final devo pedir perdão por tê lo tocado.
Agora pode largar a minha mão.
Pode partir.
Lembre se ou esqueça se de mim.
Coração quebrado tem cura: a paz de não precisar mais aguardar a perfeição que não existe.