O laço de fita
Não sabes, criança 'Stou louco de amores
Prendi meus afetos, formosa Pepita.
Mas onde No templo, no espaço, nas névoas !
Não rias, prendi me
Num laço de fita.
Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabelos da moça bonita,
Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem,
Formoso enroscava se
O laço de fita.
Meu ser, que voava nas luzes da festa,
Qual pássaro bravo, que os ares agita,
Eu vi de repente cativo, submisso
Rolar prisioneiro
Num laço de fita.
E agora enleada na tênue cadeia
Debalde minh'alma se embate, se irrita
O braço, que rompe cadeias de ferro,
Não quebra teus elos,
Ó laço de fita!
Meu Deusl As falenas têm asas de opala,
Os astros se libram na plaga infinita.
Os anjos repousam nas penas brilhantes
Mas tu tens por asas
Um laço de fita.
Há pouco voavas na célere valsa,
Na valsa que anseia, que estua e palpita.
Por que é que tremeste Não eram meus lábios
Beijava te apenas
Teu laço de fita.
Mas ai! findo o baile, despindo os adornos
N'alcova onde a vela ciosa crepita,
Talvez da cadeia libertes as tranças
Mas eu fico preso
No laço de fita.
Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
Abrirem me a cova formosa Pepital
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá me por c'roa
Teu laço de fita.