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Fernandha Franklin

Ontem, conversando com um antigo professor, quase me vi em um debate.
E apesar de amar bons diálogos, eu ODEIO debates.
De falhas sociais, ele passou a falar em Cristo.
O professor Waldo é bem conhecido por sua aversão religiosa, e antes que eu abrisse minha boca, ele pergunta:
"Você acredita em Jesus, e em toda aquela 'maravilha' que dizem que ele fez ".
Respondi que "sim".
Ele continua:"Existe lógica crer nisso
"Sim.
Vejo sentido".
respondi.
"Qual é a lógica " Ele questiona.
Prossegui então:"Professor, eu já admirei muita gente na vida.
Escritores que venderam best sellers de auto ajuda, e que nem falavam 'bom dia' para o porteiro.
Admirei intelectuais que escreviam como 'anjos', mas em suas reuniões particulares criticavam seus semelhantes.
Já admirei mestres que, afetuosamente ensinavam o filho do outro em sala, mas não acalentava o seu próprio filho, em casa.
Já admirei influenciadores que esbanjavam carisma no palco, mas que não expandia nenhum valor humano.
Líderes religiosos que diante do púlpito enaltecia seu 'deus', e nos bastidores ria das crenças alheias.
Políticos que prometiam vida digna ao povo, e eram capazes de roubar lhes a dignidade."
Cansado dos exemplos, ele me interrompe:
"Ok.
O que tudo isso tem a ver, e qual é a lógica de acreditar na beleza do seu Jesus "
Respondi: "Essa é a lógica.
Estamos todo tempo em contato com pessoas comuns se passando por extraordinárias, escrevendo bonito, ensinando, filosofando, cativando, palestrando, mas vivendo o contrário.
A lógica está em crer e admirar alguém sem hipocrisia, que foi capaz de viver conforme o que pregou.
Não se fascinou com a fama, nem almejou o poder dos homens, e do início ao fim, foi fiel a seus valores."
O professor Waldo deu risada e disse: "Menina, você falou, falou E não falou nada.
Você que é boa de lábia, poderia ter se esforçado mais para me fazer crer nesse tal Jesus."
Dei aquele sorrisinho, e sabendo que ele só queria uma mesa redonda, me despedi aliviada:
"Professor, foi bom ter ver, mas meu objetivo não é missionário, e por hora fico feliz, apenas por ter evitado um debate.
(Argumentos/Fernandha Franklin)

Carta de um índio
(Fernandha Franklin)
Nós vivíamos em um lugar incrível.
Éramos amigos íntimos da natureza e as únicas riquezas que nos interessavam eram as essenciais para se viver: comida, água e um bom convívio.
Não sabíamos que existiam riquezas além disso, e se existiam essas não nos interessavam.
Nosso único investimento era no fortalecimento do elo que tínhamos com a mãe Terra.
A energia com o planeta é que nos elevava.
Tínhamos nossos costumes, rituais e nossa nudez nunca forá um tabu, ou motivo para vergonha.
Foi então, que chegou um povo diferente, que colocou roupa na gente, e nos ensinou a entender sua língua.
Pois para que acreditássemos em suas mentiras precisariamos entender suas palavras.
Prometeram nos mostrar o que havia de melhor fora da aldeia (fora de nós) e que também poderíamos ser "homens civilizados".
Nos falaram que seus mundos eram muito melhores, e que de onde vinham, a vida era encantada.
Eu acreditei! Até porque, foram eles que me ensinaram no que acreditar.
Eles mentiram!
E foi então que fez sentido as vestes que usavam: era uma forma de esconderem um pouco da mentira que eram.
Troquei tudo o que eu tinha e toda paz da mata por um quarto velho numa cidade poluída, que agredia meus olhos e ouvidos, e que o homem civilizado, insistia em dizer que fazia parte do meu futuro.
Eu, índio "selvagem".
Ele, homem "civilizado".
Muitos de meu povo, ainda tentam se manter na pureza e nos valores daqueles dias mas até lá, o homem levou tecnologia, e esse entretenimento impede meu povo de pensar, como pensavam nos antigos dias.
Eu, índio, triste estou!
Não somente pelo meu povo, mas por todo povo que o homem enganou.
O conhecimento que diziam, era pura hipocrisia
E toda lembrança da vida do índio, foi substituída por este único dia.
Hoje! 19deabrildiadoíndio