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Kathlen Heloise Pfiffer

Pior que a tristeza de um nunca, ou a incerteza de um talvez, é a agonia de um quase.
Com o nunca a gente lida, fica ligado que é melhor nem pensar mais no assunto.
Entende que é melhor procurar por outra coisa, outro alguém, outra cidade.
Com o talvez, a gente convive.
Dá se um jeitinho sempre, afinal, por traz de um talvez sempre tem um não e um sim, ainda resta uma luz no fim do túnel, resta algo ou alguém a quem se prender.
Mas o quase, apenas o quase é complicado, é doído.
Com o quase, a gente vê nossos sonhos indo embora, a esperança acaba, a luz se apaga, falta energia na hora do mocinho finalmente ficar com a mocinha.
Um quase, na vida de qualquer pessoa, é de se desanimar.
A gente sempre se sente incapaz, incompleto, inseguro, insatisfeito.
Um quase não traz vitórias, não deixa o nome gravado na história, ou você já viu uma rua com nome do segundo colocado para presidente É constante ouvirmos pessoas dizerem que quase chegaram lá, mas assim, foi por pouco sabe Mas então eu pergunto: teve resultado, o seu quase fez diferença, ou alguém conseguiu fazer mais que você
Óbvio, não conseguimos ser 100% em nossa vida o tempo todo, nós somos humanos, somos seres errantes, aprendizes, o quase faz parte sim da nossa vida.
Mas não se nega que ele é doido.
Quase passei no vestibular, quase ganhei na mega sena, quase cheguei na hora certa, quase consegui aquela garota, quase que tive coragem para convidá lo para sair Quase, quase, quase De quantas falsas esperanças e quase’s é feita nossa vida
Vou dizer lhes uma coisa.
Uma vez, quase consegui ter alguém especial perto de mim.
Sabe, estava tudo muito certo, muito bem, bem demais.
A gente se completava, ele era o que eu queria, eu via nele alguém interessante, inteligente e bonito, carinhoso e com uma energia contagiante.
O que ele via em mim Boa pergunta, eu quase cheguei a descobrir sabe Não deu tempo.
Eu quase o tive, mas não achei coragem suficiente pra dizer que era isso que eu queria.
Eu quase contei a ele sobre o medo que eu tinha de sua partida, mas não o fiz.
Eu deixei que ele saísse da minha vida, o deixei sair por aquela porta sem nem ao menos tentar impedi lo, tentar dizer como seria bom se ele ficasse.
Eu quase tive amor, um companheiro, um amigo.
Disse bem, quase.
É nessas horas que eu preferiria um nunca.
Nunca mais vamos nos ver, nunca mais vou fazer isso, nunca mais vamos passar por uma despedida.
Ou quem sabe um talvez, talvez ele volte, talvez ele ligue, mande um e mail, talvez apareça numa terça feira pra dizer que não vai embora.
Mas esse quase, esse quase é terrível.
Dá uma sensação de incapacidade, de falta de coragem, de falta de competência.
Um quase na vida de alguém é como uma tempestade negra que chega aos poucos, que não te deixa sair de casa por medo de pegar chuva.
Um quase é o tipo de lembrança que você carrega consigo pro resto da vida, mas que não faz diferença alguma na vida da outra pessoa, afinal, foi apenas quase.
Kety (21/04/08)

Lembranças de uma viagem
Eu estava pensando sobre uma viagem que fiz para Porto Seguro, lembrando de tudo que havia acontecido em uma semana de pura alegria, diversão, e não pude deixar de lembrar sobre algo que fizemos na última noite daquela viagem.
Era uma espécie de brincadeira, em que você tinha que ir até a frente de todos, e pegar um pouco de carinho de um saquinho, e mandar pra quem quisesse.
Como o tempo era curto, muitos deixaram de ir até lá e mandar este carinho.
Bom, eu tive a oportunidade de ir, e mandei para duas pessoas muito especiais que fizeram a minha semana de férias valer a pena.
Duas grandes amigas.
Entretanto, talvez por toda a emoção da despedida, todo o sentimento de saudade que aos poucos ia crescendo, eu acabei mandando este carinho pela metade.
A princípio, acredito que todos nesta viagem estavam com o mesmo pensamento apreensivo, afinal, eram duas escolas diferentes, que pouco se conheciam.
Eu mesma cheguei a pensar que, nunca que ambas iriam realmente se unir.
Acontece que, isso não ocorreu.
As diferenças, ou até mesmo as coisas em comum, fizeram com que nos tornássemos um grupo unido, um grupo que brincava junto, ria junto, enfrentava o cansaço junto.
Alguns mais juntos que outros, outros nem tão juntos assim.
Mas sempre unidos.
E no fundo, foi isso que fez toda a magia da viagem acontecer.
Afinal, o que vai ficar pra sempre na memória, não é somente as festas, os lugares visitados e conhecidos.
O que vai ficar de verdade, é aquela risada de um tombo, é aquele abraço conjunto de felicidade, aquele beijo com carinho, um aperto de mão de fidelidade, um ataque de nervos por causa da roupa jogada no chão.
Vai ficar na memória a invasão dos quartos (das varandas), os devaneios, os planos feitos com afinco pelos grupos, as amizades feitas, renovadas, reforçadas.
Tudo isso é o que levaremos conosco para a posteridade, é o que contaremos para nossos filhos, e quem sabe um dia netos.
E se eu pudesse novamente mandar meu carinho, eu mandaria para todos que fizeram parte da minha semana.
Todos que me garantiram risos, abraços, devaneios, festas, todos que me fizeram sentir especial.
A todos os meus antigos amigos, que só fizeram reforçar meu sentimento por eles, que só fizeram com que eu percebesse o quão importantes em minha vida são, por todo o apoio, todo o companheirismo, todas as parcerias.
Um carinho mais do que especial para os que entraram na minha vida.
Todos que conheci, todos com que junto fiz festa, gritei, pulei, conversei sério também, conheci um pouco além de apenas um nome e sobrenome.
(especialmente aos vizinhos de varanda, que eu incomodei até dizer chega).
Um carinho especial também para aqueles que não conversei muito.
Ora, vocês também fizeram parte de tudo que eu vivi, e vocês também serão lembrados.
Um carinhos a todos vocês que fizeram esta viagem acontecer, pois, ir sozinha para lá, não seria NADA, e sem vocês, não haveria mágica ou lembrança boa alguma na melhor semana da minha vida.
Por fim, aos que leram até aqui, venho fazer um pedido.
Um pedido com carinho.
Durante a viagem, e antes também, ouvi varias vezes a frase: “Sabem quantas pessoas da minha turma de terceirão eu ainda tenho contato Nenhuma.
E com vocês será a mesma coisa.” E sabe o que nós fizemos ao escutar isso Alguns choraram, alguns aceitaram em silêncio, e uns poucos pensaram que não seria assim.
Eu peço a TODOS que pensem que não será assim.
Porque dessa vez, não podemos fazer diferente Porque aceitar que o tempo nos separe, que a vida nos leve para longe Aceitar isso seria assumir que somos fracos, que nada teve real valor, que tudo significará apenas fotos velhas em um álbum.
Não, não pode ser assim.
Não deixem que o tempo leve o melhor de vocês, não deixem que o tempo leve aqueles que lhe serviram de alicerce em sua caminhada, serviram de base na construção de seu caráter.
Não deixe que a vida leve o que de melhor você obteve.
Fica aqui um pedido de uma amiga.
Um pedido difícil, mas não impossível.
08/2008 kety