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Martha Medeiros

TEMPERAMENTOS E AFINIDADES
O que é melhor para o relacionamento de um casal: que eles sejam iguais ou diferentes Alguns apostam nos casais siameses: os dois corintianos, os dois petistas, os dois fumantes.
Já outros preferem o antagonismo: ele Corinthians, ela Palmeiras; ele PT, ela PMDB; ele fumante, ela presidente da Associação de Combate ao Câncer de Pulmão.
Cada casal tem sua fórmula para dar certo, mas um pouco de equilíbrio ajuda a manter a estabilidade.
O melhor parceiro é aquele que é bem diferente de nós e ao mesmo tempo muito parecido.
Como Diferente no temperamento, mas com mil afinidades.
Dois calmos vão pegar no sono muito rápido.
Dois gulosos vão passar muito tempo no supermercado.
Dois sedentários vão emburrecer na frente da tevê.
Dois avarentos nunca terão um champanhe dentro da geladeira.
Dois falantes jamais vão escutar um ao outro.
Temperamentos iguais se neutralizam.
Temperamentos opostos é que provocam faísca.
Ele é super responsável, paga as contas em dia e jamais ficou sem combustível.
Ela, ao contrário, é zen.
Sua música preferida é um mantra.
Não sabe que dia é hoje, mas tem certeza que é abril.
Brigas à vista Que nada.
Ela o acalma, ele a acelera, e os dois inventam o próprio ritmo.
O que importa é que avançam na mesma direção.
Quando o projeto de vida é antagônico, aí é que a coisa complica.
Ele adora o campo, odeia produtos industrializados e não perde o Globo Rural.
Ela almoça e janta hamburger, tem horror a qualquer ser vivo com mais de duas patas e raspou suas economias para ver o show dos Rolling Stones em São Paulo, sua cidade modelo.
Ele odeia a instituição chamada família.
Ela, ao contrário, não abre mão das macarronadas dominicais na casa da mãe.
Ele não sobe num avião nem sob decreto, ela sonha em dar a volta ao mundo.
Ele quer ter quatro filhos, ela ligou as trompas quando fez 18 anos.
Ele é ativista político, faz doações para o partido e participa de sindicatos.
Ela vota em quem estiver liderando nas pesquisas.
Ele não admite televisão em casa, ela não admite menos de três: uma na sala, outra no quarto e uma de dez polegadas na cozinha.
Pode dar certo Pode, mas alguém vai ter que abrir mão dos seus sonhos.
Temperamentos diferentes provocam discussões contornáveis.
Já a falta de afinidades pode reduzir um dos dois a mero coadjuvante da vida do outro.
Alguém vai ter que ceder muito, e se não tiver talento para a submissão, vai sofrer.
Logo, não importa se ele chega sempre atrasado e você é a rainha da pontualidade, desde que ambos tenham a mesma visão de mundo e os mesmos valores.
Esse é o prato principal de todo relacionamento.
O resto é tempero.

VELHOS AMIGOS, NOVOS AMIGOS
Quem é seu melhor amigo(a) Deixe ver se adivinho: estuda na mesma escola ou cursinho, tem a mesma idade (talvez um ano a mais ou a menos), freqüenta o mesmo clube ou a mesma praia.
Se errei, foi por pouco.
Não é vidência: minha melhor amiga também foi minha colega tanto na escola quanto na faculdade e nascemos no mesmo ano.
São amizades extremamente salutares, pois podemos dividir com eles angústias e alegrias próprias do momento que se está vivendo.
Mas fique esperto.
Fechar a porta para pessoas diferentes de você é sinal de inteligência precária.
Durante a adolescência, é vital repartir nossas experiências com pessoas que pensem como nós e que tenham o mesmo pique: é importante sentir se incluído num grupo, de pertencer a uma turma.
Perde se, no entanto, o convívio com pessoas de outras idades e de outros "planetas", que muito poderiam lapidar a nossa visão de mundo.
Entre iguais, tudo é igual.
A vida ganha movimento é na diferença.
Se você é rato de biblioteca, iria se divertir ouvindo as histórias contadas por um alpinista experiente.
Se você tem muita grana, ficaria surpreso em saber como dá duro o cara que trabalha de
dia para poder estudar à noite e o quanto ele precisa economizar para tomar dois chopes no sábado.
Se você curte música, seria bacana conversar com quem curte teatro.
Se você é derrotista, seria uma boa bater um papo com quem já sofreu de verdade.
Você, que se acha uma velha aos 27 anos, iria se divertir muito com os relatos de uma cinquentona irada.
E você, beirando os 60, se surpreenderia com a maturidade de um garoto de 18.
Para os de meia idade, nada melhor do que ter amigos nos dois extremos: da garotada que lhe arrasta para dançar até aqueles que estão numa marcha mais lenta, que já viveram de tudo e de tudo podem falar.
A cabeça da gente comporta rafting e música lírica, videoclipes e dança flamenca, ficar com alguém por uma noite e ficar para sempre.
É importante cultivar afinidades, mas as desafinações ensinam bastante.
No mínimo, nos fazem dar boas risadas.
Vale amizade com executivo e com office boy, com solteiros e casados, meninas e mulheraços, gente que torce para outro time e vota em outro partido.
Vale sempre que houver troca.
Vale inclusive pai e mãe.