Rosa
Para me amar é só começar, para manter me em teu canteiro é só regar.
Estarei sempre bela rosa lá; até o dia em que não estarei mais.
As lágrimas em rosas murchas servem apenas para virar arte, tocam a alma mas não reavivam a lenta morte.
Seca estarei aos poucos se teus ventos não me sacudirem, seca estarei se teu sol e tua chuva em mim não mais tocarem.
Admirar é fácil, prender também, mas por pouco tempo, pois meus espinhos te ferirão e minhas pétalas uma a uma cairão por entre teus dedos.
Cultive o amor como cultivas uma rosa.
É preciso paixão e maestria, paciência e ousadia.
A rotina morna mata lentamente e minhas queixas virarão prosa.
Ame me com a fúria de um mar em dia de tempestade, morda minhas costas como um leão faminto e me leve ao parque para sentar ao teu lado na grama.
Serei tua cúmplice de banheiro, companhia de cozinha, parceira de aventuras e tua amante na cama; a Deusa, a bruxa a mucama.
Esteja atento aos sinais, meu bem Sinta meu corpo, meu beijo, decifre meu olhar.
Estarei sempre exalando para ser cheirada, sempre rubra para ser notada, sacudirei cabelos e pétalas, dançarei ao som do vento para que me queiras, usarei a melhor seda para te celebrar.
Ame me como sou, ame o melhor e o pior de mim, eu sei quem sou e não minto; porque mentir para si mesma é como a rosa querer acreditar que não tem espinhos.