Problemas.
Meu pai dizia que quanto mais coisas a gente tem, mais problemas a gente arruma.
Não que ele tivesse poucas coisas, mas ele tinha poucos problemas.
Sou sincero, demorei muito para entender o significado daquelas palavras e por um tempo não medi esforços para ter tudo o que o dinheiro podia comprar.Comprei algumas financiadas, outras tive que vender, pois estavam acima das minhas posses.
Tive coisas que custavam cada vez mais caro depois que eu as tinha, porque para mantê las, tinha que ter tantas outras e isso dava mais dor de cabeça, era um ônus pesado demais.
Com o tempo aprendi que ser admirado pelas coisas que se tem, quer dizer que a gente vale menos do que elas.Um dia ou outro a admiração pode virar inveja, ciúmes ou vontade de tirar um pedaço das nossas coisas, ainda que a gente tenha deixado que as pessoas tirassem várias casquinhas.
Não acho que eu precise pouco para viver, mas sei que elas devem acrescentar mais que um carro ou uma roupa nova e outras coisas que depois de alguns anos ninguém quer mais.
Hoje as coisas têm que me dar prazer em usá las e não em mostrá las, e se elas forem invisíveis, como entender as coisas que meu pai me ensinou, aí sim, estará o grande valor.
Há coisas que a gente nem quer e nos são oferecidas de graça, outras que custam tão caro que a gente não pode comprar, e tem gente que troca a honra por coisas que não vão usar, coisas que só servem para mostrar aos outros, coisas que não levam ninguém a nenhum lugar.