O assunto “perdão” é um tanto complexo
Já me perguntaram como pode alguém perdoar e não querer mais conviver com a pessoa que perdoou; pois “o perdão é esquecer o que passou, retomar a confiança e recomeçar”.
Mas, será mesmo Será que isso funciona na prática, como parece ser tão simples assim na teoria
Pode ser que funcione, dependendo das pessoas envolvidas, do que aconteceu, no que resultou e na forma que se deu (ou que se pretende dar) a reconciliação.
Tanto o perdão, como a confiança e as relações humanas são coisas muito sagradas para serem conduzidas de forma tão banal e superficial, como geralmente acontece quando isso tudo não é verdadeiramente sincero e levado a sério.
Não é simplesmente esquecer, “colocar uma pedra em cima” ou “passar uma borracha” como muitos gostam de falar e fazer.
Primeiro porque o perdão não gera amnésia.
Segundo que, “colocar uma pedra em cima” é coisa de quem não quer assumir responsabilidades, tal como “passar uma borracha” é querer fingir que nada aconteceu.
Não me parece algo sincero, confiável e duradouro.
O perdão sincero, que vem do coração e que a Deus não engana, é o que transforma os nossos sentimentos, desejos e atitudes.
E tal transformação começa em reconhecer os erros e se arrepender.
Não existe perdão sem arrependimento, pois o ato de perdoar e ser perdoado é profundo e divino!
Para isso, é preciso encarar o processo que o feito necessita.
É como curar uma ferida mal cuidada: tem que reabrir o machucado, higienizar, esterilizar, medicar, fazer o curativo e repetir o procedimento até que se feche completamente sem deixar sequelas.
Não basta assoprar para aliviar a dor.
É preciso mexer (e vai doer! ) até cauterizar o dano.
É um processo que requer tempo, paciência e persistência.
No entanto, nem todos tem a coragem e a força de passar por este processo de cura e restauração.
Nem todos acreditam que isso seja necessário, muito menos querem encarar o espelho da verdade, preferindo assim o atalho da superficialidade e da falsidade.
É por essa razão que o perdão não necessariamente requer reconciliação.
É possível perdoar e não mais se relacionar, uma vez que a convivência não é garantia de nada, já que tem gente que convive muito bem com a hipocrisia.
Fora que a confiança, quando se desfaz, não é algo que facilmente se regenera.
E quando recupera, nunca mais volta a ser como antes, nem a confiança, nem a relação.
Há pessoas más, que fingem arrependimento e amor, que são mal resolvidas e vivem um verdadeiro inferno dentro delas, levando o caos por onde passam.
Parece que não vivem, se não provocarem uma intriga, uma confusão e uma maldade.
É impossível viver em harmonia e em paz com pessoas desse tipo.
Você nunca pode ser o que é, porque ser você é uma ofensa para essas pessoas.
A relação jamais será verdadeira e sadia.
O perdão não nos obriga a conviver numa relação nociva, com pessoas que não enxergam o mal que está nelas e que ainda se fazem de vítimas tentando transferir (responsabilizar) este mal para você ou para os outros.
Pessoas que não sabem viver sem ferir as outras.
Se alimentam e se satisfazem da dor alheia.
Como os vampiros: seduzem, dominam, sugam, enfraquecem suas vítimas e depois de conseguirem o que querem, as rejeitam.
Portanto há casos que, para perdoar, muitas vezes é necessário manter distância, não mais se relacionar.
Assim sendo (e como cada um sabe das próprias dificuldades e fraquezas), o perdão se passa entre você e Deus.