Você me pediu perdão como se pudéssemos remover com uma borracha nosso pequeno e trágico passado.
Mas eu te perdoei porque não consigo gastar um átimo de segundo da minha existência guardando qualquer sentimento por você.
E para te perdoar, precisei perdoar também a mim mesma pela armadilha que criei quando eu estava triste e desorientada demais para achar que você pudesse me dar qualquer tipo de direção e desabei nos seus braços e me deixei levar pelas suas mentiras caudalosas.
E você, com sua personalidade nociva e perversa, e por viver tão afundando na ignorância de ser quem é ainda pensou que ser perdoado era um passaporte para qualquer tipo de aproximação.
Não.
Agora eu tenho sanidade para fazer escolhas certas e não estou mais frágil como antes.
O que você me causou e as consequências graves que tive que administrar sozinha, por causa da sua covardia, me fortaleceram de tal forma, que o meu horizonte interno se ampliou no peito e nos olhos e o meu tamanho teve que ser aumentando para comportar tantos aprendizados.
Por isso, a pessoa que consegue te perdoar hoje, não é a mesma que você feriu com toda crueldade que eu não sabia ser possível num ser humano considerado socialmente normal.
O mal que você tem feito a si mesmo, não é mais problema meu e a minha presença seria um presente dado a alguém que não tem a menor condição de receber o que é bom.
Eu poderia ter ajudado você a se lapidar com a minha predisposição para o amor.
Mas você, acostumado a viver na escuridão, não soube suportar a minha luz.
Espero que encontre alguma paz se algum dia conseguir e quiser viver dentro da honestidade.