Viajar é Preciso
Minha profissão tem ofício simples:
Juntar, em casamento, alegria e emoção
Mas, que de fácil nada tem fio que não
Nem todas as sandálias se calçam iguais
Há de se fazer um arranjo aqui, outro ali
Convencer que a não existe o tal desamor
Que viver é compreender sentidos e sinais
Colher aceitações, aceitar: a vida passa mar e amar
Quereres inseguros no desapego cria força
Porque nem tudo é um todo certo, exato
E é no olhar inexato que exploramos o melhor
Entendemos Machado e vendavais “Meirelirantes”
Guimarães, aportou em minha vida, num raro acaso
Trazendo latente, um coração valente, uma roça, batente batido
Ao longo de finita vereda que levava à rangente porteira, odor de café
Sentido já na entrada da casa humilde, num cantinho de Andrequicé
Atravessei à nau, o Cabo da Boa Esperança
Me detive, entre um mar e outro, ali, no Bojador
De onde admirei o céu, a Ursa Maior, as Três Marias
A lua, temente do olhar que dispara flechas de dor
Fui viajante alado em olhos apaixonados
E, não raro, aos avessos, nos mais irados
Jamais disse adeus, porque todo dia um pé de vento
Me leva de volta ao lar, vivo, quieto em meu tempo