UM SOPRO DE VIDA
Como você consegue Me diz.
Como você consegue ser tão sensível
Como você consegue ter todo esse carinho
É como um perfume que exala constantemente.
Chega até a me enjoar às vezes.
Será hipocrisia sua
Falsidade
Não é possível alguém ser assim.
Você não odeia
Não sente raiva
E inveja
Me diga, vamos!
Bom, não sei (risos modestos)
Digamos que eu creia que entendi o quanto nós somos miseráveis.
Miseráveis no sentido que a vida é trágica.
E quanto esforço é necessário para dizer que não.
O quanto o cosmos é indiferente a nós.
Mesmo que nós continuemos dizendo que não.
Ou seja, que existe sim uma finalidade para tudo isso chamado vida, afinal.
Uma vez me perguntaram se eu acreditava em milagre.
Eu disse, claro!
Toda vez que eu vejo manifestações de amor.
E por favor, não me peça para definir de que amor estou falando.
Quando alguém realmente se dispõe a ajudar alguém sem procurar algo troca.
A não ser o puro prazer de fazer o bem, mas que mal a nisso
Novamente por favor, não me peça para definir bem e mal.
Acho que a gente não entra muito em contato com esse tipo de sensibilidade corriqueiramente.
A gente vive hoje sentindo que tudo é competição, guerra, conflito.
Que precisamos estar defensivos sempre.
Que precisamos sempre desconfiar primeiramente.
Sim, talvez a vida seja tudo isso mesmo.
Mas só isso
Não!
A vida é mais que isso.
Acredito que cheguei em um vazio e em um sofrimento tão grande por ter tido um contato cara a cara com a tragédia que aprendi a valorizar certas coisas.
Como, por exemplo, o fato de poder estar dizendo tudo isso para você.
Enfim, acho que o que quero te dizer é o seguinte
Sim, há momentos em que eu não sou sensível.
Sim, há momentos em que eu sinto raiva.
Sim, há momentos em que eu sinto tudo isso que você me disse.
Porém eu não cultivo essas coisas em mim.
Sinto porque é humano.
Sinto porque não há como passar na vida sem sentir.
Porém eu escolhi – em alguma medida – viver assim, sensível, carinho.
Me faz bem.