Pois bem, crianças são como animais, quando vocês judiam bastante, a gente acaba acreditando que somos realmente culpados por aquilo.
A isso eu me comparo, e assim me punirei, assumindo uma culpa que não sei se sei é minha.
Vejo pessoas saindo para festejar, tão deslumbrantes, que me dá uma pontada de inveja automática, pois não consigo ser assim.
Não consigo ver o bonito nisso.
O bonito em tirar a camisa no meio de uma festa, pra mostrar a todas o quanto ele teve que malhar.
O bonito em mulheres de roupas curtas descendo até o chão e rindo da cara daqueles lobos famintos por carne grossa.
O bonito em beijar um aqui, outro ali, e alguns no meio termo, só pra não ficar entediante.
Isso pra mim, chega a ser até feio demais.
Essa frieza em que o mundo vem se tornado, e parece que aonde eu vou, estou andando sob os IceBergs ainda não explorados do Polo Sul.
Porque não consigo mais sentir a chama viva do sentimento.
Pessoas traindo, mentindo, humilhando tão cruéis que chegam a achar graça disso.
E aí eu me pergunto: Qual a beleza dentro desse corpo cheio de curvas, se a mente está completamente vazia Pessoas que nunca leram Quintana, que nunca suspiraram com Caio F.
Abreu, que nem imaginam a história de Lispector, inventam de dizer o nome deles porque "ouviu falar por aí".
Me culpo por ser completamente diferente, por ter que escolher dentre me modelar pelo que a sociedade quer ou ser excluído, reprimido, criticado.
Que se exploda essa minha culpa desenvolvida por essas tais regras.
Fisionomia acaba, físico sarado acaba, dinheiro, meu amor, ainda que muito acaba.
Eu quero mais é continuar amando a beleza que eu vejo em um sorriso sincero, em cabelos naturais e em corpos macios.
Nada duro, nada estéticamente planejado.
Quero o natural, quero o interior, quero mais desse cheiro que tem as ruas quando chove.
Mais desse choro infantil do primeiro amor, mais dessas lembranças gostosas que nos fazem rir até doer a barriga.
E agora, sem mais delongas, me perdoem os homens que lerem este texto.
Pra que dar atenção ao meu pseudo pensamento insano Sou apenas um garoto
(Minha parte masculina Senhorita Gobeth)