Eu sou muito antiga.
Peço perdão e aceito julgamentos por isso.
De verdade, pode julgar, pode atirar um tomate ou uma pedra.
Só não acerta meu olho, por favor.
Olha, eu acho que uma relação é feita a dois.
E, no futuro, quem sabe, a três, a quatro, a cinco.
Sim, porque a família aumenta.
Pode ser um filho, pode ser um cãozinho, um gato, um papagaio, uns discos de vinil.
Tem gente que tem relacionamento aberto.
Se para o casal está tudo bem, ótimo.
Mas pra mim um relacionamento é fechado, bem fechadinho mesmo.
Eu e você, que lindo.
Eu, você e nossos livros.
Eu, você e nossas plantinhas.
Eu, você e nossas brigas.
Eu, você e nossos sonhos.
Eu, você e nossos defeitos.
Eu, você e nossa água quente do chuveiro.
É claro que ninguém é perfeito, essa coisa de um amor e uma cabana é bonito só pra japonês ver.
O amor é cansativo, uma relação às vezes é um pé no saco.
Mas nem por isso você precisa abandonar tudo.
Nem por isso você tem que virar o pescoço para o lado.
Quem quer construir uma coisa deve se esforçar para que isso aconteça.
Quem quer que dê certo tem que ter paciência e ser flexível.
Sinceramente, não entendo quem vive uma relação aberta.
E entendo menos ainda quem topa dividir o marido com outra mulher.
Eu sou ciumenta, sou possessiva, sou chata.
O que é meu é meu.
Não divido, não empresto, não troco, não vendo.
Desculpa, tenho esse defeito.
Acho impossível você amar alguém e não sentir o menor ciúme.
E, olha, é claro que ninguém é cego.
É lógico que existem pessoas bonitas e interessantes dando sopa por aí.
É claro que ele enxerga as mulheres bonitas, assim como eu enxergo os homens bonitos.
Mas olhar é uma coisa, ter contato é outra.
Pra mim esse tipo de relação não funciona, não sei lidar com isso, não sei dividir o meu amor