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Textos Padre Fabio de Melo

O inacabado que há em mim
Eu me experimento inacabado.
Da obra, o rascunho.
Do gesto, o que não termina.
Sou como o rio em processo de vir a ser.
A confluência de outras águas e o encontro com filhos de outras nascentes o tornam outro.
O rio é a mistura de pequenos encontros.
Eu sou feito de águas, muitas águas.
Também recebo afluentes e com eles me transformo.
O que sai de mim cada vez que amo O que em mim acontece quando me deparo com a dor que não é minha, mas que pela força do olhar que me fita vem morar em mim Eu me transformo em outros Eu vivo para saber.
O que do outro recebo leva tempo para ser decifrado.
O que sei é que a vida me afeta com seu poder de vivência.
Empurra me para reações inusitadas, tão cheias de sentidos ocultos.
Cultivo em mim o acúmulo de muitos mundos.
Por vezes o cansaço me faz querer parar.
Sensação de que já vivi mais do que meu coração suporta.
Os encontros são muitos; as pessoas também.
As chegadas e partidas se misturam e confundem o coração.
É nesta hora em que me pego alimentando sonhos de cotidianos estreitos, previsíveis.
Mas quando me enxergo na perspectiva de selar o passaporte e cancelar as saídas, eis que me aproximo de uma tristeza infértil.
Melhor mesmo é continuar na esperança de confluências futuras.
Viver para sorver os novos rios que virão.
Eu sou inacabado.
Preciso continuar.
Se a mim for concedido o direito de pausas repositoras, então já anuncio que eu continuo na vida.
A trama de minha criatividade depende deste contraste, deste inacabado que há em mim.
Um dia sou multidão; no outro sou solidão.
Não quero ser multidão todo dia.
Num dia experimento o frescor da amizade; no outro a febre que me faz querer ser só.
Eu sou assim.
Sem culpas.

“Sofrimento é o destino inevitável, porque é fruto do processo que nos torna humanos.
O grande desafio é saber identificar o sofrimento que vale a pena ser sofrido.
– Se hoje a vida lhe apresenta motivos para sofrer, ouse olhá los de uma forma diferente.
Não aceite todo este contexto de vida como causa já determinada para o fracasso.
Não, não precisa ser assim.
– Deixe se afetar de um jeito novo por tudo isso que já parece tão velho.
Sofrimentos não precisam ser estados definitivos.
Eles podem ser apenas pontes, locais de travessia.
Daqui a pouco você já estará do outro lado: modificado, amadurecido.
– Sofrer é o mesmo que purificar.
Só conhecemos verdadeiramente a essência das coisas à medida que as purificamos.
O mesmo acontece na nossa vida.
Nossos valores mais essenciais só serão conhecidos por nós mesmos se os submetermos ao processo da purificação.”
• Essência de vidro.
Quando os nossos pés descalços se colocam diante das duras pedras do sofrimento
Quando a fragilidade de nossa condição nos leva a trilhar o inevitável caminho das sombras
Quando a vida nos revelar que somos portadores de uma essência de vidro
É importante que a gente se livre da pressa e da facilidade das respostas prontas
Porque diante da dor sofrida, mais vale um silêncio, uma pausa, que uma palavra inoportuna.
• Deus e os absurdos do mundo
A maturidade também se expressa no que pedimos.
Outro exemplo simples.
Uma pessoa fumou a vida inteira, nunca se esmerou por lutar para deixar o vício, e, num determinado momento, descobre que tem câncer.
Então se coloca a pedir a Deus um milagre.
– É justo A doença não nasceu das escolhas que ele fez Será que Deus tem como mudar os destinos de nossas sementes Ele não estaria desrespeitando a nossa liberdade Tenho o direito de querer colher o que na verdade não plantei – Acho pouco provável.
Há um jeito mais interessante de pedir a Deus um milagre: mudar de atitude, antes que nasçam as doenças.
– O milagre é realizado a quatro mãos.
Mãos de Deus e mãos humanas.
Retirado do livro: Quando o sofrimento bater à sua porta

Sejamos solidários ao Pe.
Fábio de Melo!
Por criticar a "saidinha" dos dias dos pais do assassino da filha o condenado Nardoni, Padre Fábio recebeu uma avalanche de julgamentos equivocados sobre o Perdão!
Incrível como conseguem desconstruir uma imagem para justificar um erro ou um amante deste erro.
É dever sim, do Padre, do Pastor, do Pai, Amigo, irmão, eu e você, conceder perdão aos encarcerados seja ele qual for.
Acredito que na pureza e inocência da criança, como bem exemplificou o mestre Jesus, até Isabela perdoaria o pai, por mais que seja difícil, esta verdade não muda e o perdão é uma missão humana que nos condiciona também a ser perdoados.
Porém perdão não é esquecer o que o outro fez, como diz Pr.
Cláudio Duarte, " isso é amnésia", o perdão não pode ser confundido com uma doença, com uma ferramenta de INJUSTIÇA ou a aceitação incondicional do erro.
Não poderíamos ter maior exemplo de perdão do que a vida e ensinamentos de Jesus, que rogou perdão aos seus próprios opressores, no entanto, perdoou o ladrão da cruz e não o livrou de sua condenação, quando se referiu aos encarcerados disse Estive preso e não me visitastes não foi me libertar que ele disse, porque Jesus entendia que o perdão não é interferência sobre os erros e crimes que possamos praticar e sim a libertação do peso na alma do erro que cometemos.
O perdão é sentimento e não prova de inocência, é chave para a paz espiritual e não a chave pra abrir a cadeia.
Nossos crimes devem receber condenação justa pelo mal que praticamos ao outro e nosso coração o perdão.Quando nós ficamos irados com um criminoso não é ausência de perdão mas é um dos estágios que passaremos até conseguirmos perdoar (eu ainda não ultrapassei tal estagio no caso Nardoni, mas um dia chego lá).
Quando ficamos irado com a falta de justiça e penas duras de acordo com crime em nosso sistema judicial não é ausência de perdão e sim nosso senso de justiça que opera em nós independente do perdão que podemos oferecer.
Ao Padre Fabio de Melo minha solidariedade, para Justiça Brasileira meu repúdio.
Oberdan Alves de Oliveira.