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Textos de Adorei te Conhecer Amiga

A Velha Amiga
Conversávamos sobre saudade.
E de repente me apercebi de que não tenho saudade de nada.
Isso independente de qualquer recordação de felicidade ou de tristeza, de tempo mais feliz, menos feliz.
Saudade de nada.
Nem da infância querida, nem sequer das borboletas azuis, Casimiro.
Nem mesmo de quem morreu.
De quem morreu sinto é falta, o prejuízo da perda, a ausência.
A vontade da presença, mas não no passado, e sim presença atual.
Saudade será isso Queria tê los aqui, agora.
Voltar atrás Acho que não, nem com eles.
A vida é uma coisa que tem de passar, uma obrigação de que é preciso dar conta.
Uma dívida que se vai pagando todos os meses, todos os dias.
Parece loucura lamentar o tempo em que se devia muito mais.
Queria ter palavras boas, eficientes, para explicar como é isso de não ter saudades; fazer sentir que estou expirimindo um sentimento real, a humilde, a nua verdade.
Você insinua a suspeita de que talvez seja isso uma atitude.
Meu Deus, acha me capaz de atitudes, pensa que eu me rebaixaria a isso Pois então eu lhe digo que essa capacidade de morrer de saudades, creio que ela só afeta a quem não cresceu direito; feito uma cobra que se sentisse melhor na pele antiga, não se acomodasse nunca à pele nova.
Mas nós, como é que vamos ter saudades de um trapo velho que não nos cabe mais
Fala que saudade é sensação de perda.
Pois é.
E eu lhe digo que, pessoalmente, não sinto que perdi nada.
Gastei, gastei tempo, emoções, corpo e alma.
E gastar não é perder, é usar até consumir.
E não pense que estou a lhe sugerir tragédias.
Tirando a média, não tive quinhão por demais pior que o dos outros.
Houve muito pedaço duro, mas a vida é assim mesmo, a uns traz os seus golpes mais cedo e a outros mais tarde; no fim, iguala a todos.
Infância sem lágrimas, amada, protegida.
Mocidade mas a mocidade já é de si uma etapa infeliz.
Coração inquieto que não sabe o que quer, ou quer demais.
Qual será, nesta vida, o jovem satisfeito Um jovem pode nos fazer confidências de exaltação, de embriaguez; de felicidade, nunca.
Mocidade é a quadra dramática por excelência, o período dos conflitos, dos ajustamentos penosos, dos desajustamentos trágicos.
A idade dos suicídios, dos desenganos e, por isso mesmo, dos grandes heroísmos.
É o tempo em que a gente quer ser dono do mundo e ao mesmo tempo sente que sobra nesse mesmo mundo.
A idade em que se descobre a solidão irremediável de todos os viventes.
Em que se pesam os valores do mundo por uma balança emocional, com medidas baralhadas; um quilo às vezes vale menos do que um grama; e por essas medida, pode se descobrir a diferença metafísica que há entre uma arroba de chumbo e uma arroba de plumas.
Não sei mesmo como, entre as inúmeras mentiras do mundo, se consegue manter essa mentira maior de todas: a suposta felicidade dos moços.
Por mim, sempre tive pena deles, da sua angústia e do seu desamparo.
Enquanto esta idade a que chegamos, você e eu, é o tempo da estabilidade e das batalhas ganhas.
Já pouco se exige, já pouco se espera.
E mesmo quando se exige muito, só se espera o possível.
Se as surpresas são poucas, poucos também os desenganos.
A gente vai se aferrando a hábitos, a pessoas e objetos.
Ai, um um dos piores tormentos dos jovens é justamente o desapego das coisas, essa instabilidade do querer, a sede do que é novo, o tédio do possuído.
E depois há o capítulo da morte, sempre presente em todas as idades.
Com a diferença de que a morte é a amante dos moços e a companheira dos velhos.
Para os jovens ela é abismo e paixão.
Para nós, foi se tornando pouco a pouco uma velha amiga, a se anunciar devagarinho: o cabelo branco, a preguiça, a ruga no rosto, a vista fraca, os achaques.
Velha amiga que vem de viagem e de cada porto nos manda um postal, para indicar que já embarcou.
(Crônica publicada no jornal "O Estado de São Paulo" 13/01/2001)

A Solução:
Chamava se Almira e engordara demais.
Alice era a sua maior amiga.
Pelo menos era o que dizia a todos com aflição, querendo compensar com a própria veemência a falta de amizade que a outra lhe dedicava.
Alice era pensativa e sorria sem ouvi la, continuando a batera máquina.
À medida que a amizade de Alice não existia, a amizade de Almira mais crescia.
Alice era de rosto oval e aveludado.
O nariz de Almira brilhava sempre.
Havia no rosto de Almira uma avidez que nunca lhe ocorrera disfarçar: a mesma que tinha por comida, seu contato mais direto com o mundo.
Por que Alice tolerava Almira, ninguém entendia.
Ambas eram datilógrafas e colegas, o que não explicava.
Ambas lanchavam juntas, o que não explicava.
Saíam do escritório à mesma hora e esperavam condução na mesma fila.
Almira sempre pajeando Alice.
Esta, distante e sonhadora, deixando se adorar.
Alice era pequena e delicada.
Almira tinha o rosto muito largo, amarelado e brilhante: com ela o batom não durava nos lábios, ela era das que comem o batom sem querer.
Gostei tanto do programa da Rádio Ministério da Educação, dizia Almira procurando de algum modo agradar.
Mas Alice recebia tudo como se lhe fosse devido, inclusive a ópera do Ministério da Educação.
Só a natureza de Almira era delicada.
Com todo aquele corpanzil, podia perder uma noite de sono por ter dito uma palavra menos bem dita.
E um pedaço de chocolate podia de repente ficar lhe amargo na boca ao pensamento de que fora injusta.
O que nunca lhe faltava era chocolate na bolsa, e sustos pelo que pudesse ter feito.
Não por bondade.
Eram talvez nervos frouxos num corpo frouxo.Na manhã do dia em que aconteceu, Almira saiu para o trabalho correndo, ainda mastigando um pedaço de pão.
Quando chegou ao escritório, olhou para a mesa de Alice e não a viu.
Uma hora depois esta aparecia de olhos vermelhos.
Não quis explicar nem respondeu às perguntas nervosas de Almira.
Almira quase chorava sobre a máquina.
Afinal, na hora do almoço, implorou a Alice que aceitasse almoçarem juntas, ela pagaria.
Foi exatamente durante o almoço que se deu o fato.
Almira continuava a querer saber por que Alice viera atrasada e de olhos vermelhos.
Abatida, Alice mal respondia.
Almira comia com avidez e insistia com os olhos cheios de lágrimas.
Sua gorda! disse Alice de repente, branca de raiva.
Você não pode me deixarem paz ! Almira engasgou se com a comida, quis falar, começou a gaguejar.
Dos lábios macios de Alice haviam saído palavras que não conseguiam descer com a comida pela garganta de Almira G.
de Almeida.
Você é uma chata e uma intrometida, rebentou de novo Alice.
Quer saber o que houve, não é Pois vou lhe contar, sua chata: é que Zequinha foi embora para Porto Alegre e não vai mais voltar! Agora está contente, sua gorda
Na verdade Almira parecia ter engordado mais nos últimos momentos, e com comida ainda parada na boca.
Foi então que Almira começou a despertar.
E, como se fosse uma magra, pegou o garfo e enfiou o no pescoço de Alice.
O restaurante, ao que se disse no jornal, levantou se como uma só pessoa.
Mas a gorda, mesmo depois de feito o gesto, continuou sentada olhando para o chão, sem ao menos olhar o sangue da outra.
Alice foi ao Pronto Socorro, de onde saiu com curativos e os olhos ainda arregalados de espanto.
Almira foi presa em flagrante.
Algumas pessoas observadoras disseram que naquela amizade bem que havia dente de coelho.
Outras, amigas da família, contaram que a avó de Almira, dona Altamiranda, fora mulher muito esquisita.
Ninguém se lembrou de que os elefantes, de acordo com os estudiosos do assunto, são criaturas extremamente sensíveis, mesmo nas grossas patas.
Na prisão Almira comportou se com docilidade e alegria, talvez melancólica, mas alegria mesmo.
Fazia graças para as companheiras.
Finalmente tinha companheiras.
Ficou encarregada da roupa suja, e dava se muito bem com as guardiãs, que vez por outra lhe arranjavam uma barra de chocolate.
Exatamente como para um elefante no circo.

A vida com legendas
Uma vez eu estava assistindo a um filme americano no DVD, quando uma amiga da minha filha chegou aqui em casa.
Ela deu um alô de longe, para não atrapalhar a sessão, mas de repente algo chamou sua atenção na TV, e em seguida ela me olhou com uma expressão atônita.
Achei que fosse me revelar um segredo de Fátima, mas o que ela me disse foi: "Tia, você não sabe Dá para assistir ao filme dublado! ".
Aquele "tia" não conseguiu estragar meu humor.
"Eu sei, querida, mas eu prefiro assistir com legenda".
A cara de espanto que ela fez, só vendo.
Dava para ler seu pensamento: como alguém pode preferir ver um filme com legenda em vez de dublado Pois é.
Eu me rendo feliz às legendas, já que meu inglês não é nenhum espetáculo.
Mas não é só por isso.
Por melhores que sejam nossos dubladores, perde se a interpretação original, o tom de voz, as interjeições.
Fica um troço frio.
Dublada, qualquer obra de arte parece filme de sessão da tarde.
Vai pro ralo a magia do cinema.
Legenda, ao contrário, permite o confronto entre o que foi dito e o que foi compreendido.
Temos acesso às duas versões.
Aliás, não seria nada mal se legendassem algumas cenas da vida real, também.
Num antigo prédio onde morei, havia um porteiro muito gentil, mas que falava um idioma indecifrável.
Vogais e consoantes embolavam se de tal modo que qualquer coisa que ele dissesse parecia turco.
O senhor pode repetir, seu Gomes Vorwitzj shurtkwzç halytqjh.
Sei, sei, obrigada, seu Gomes.
E eu entrava no prédio sem saber se o elevador estava enguiçado, se a vizinha havia cometido suicídio ou se tinham assaltado meu apartamento.
Igualmente enigmáticos são certos depoimentos de políticos.
Falam em português, sem dúvida, mas falta uma simetria com os fatos apurados.
"Esta assinatura não é minha." "Não tenho dinheiro em paraíso fiscal." "Sou e sempre fui um cidadão honesto".
Legendas, please.
Eu não compreender.
Agora, intraduzíveis mesmo são os diálogos entre marido e mulher.
Ele diz que vai se atrasar 10 minutos e ela conclui: ele tem outra.
Ele diz que está com saudade e ela retruca: então por que só me ligou uma vez hoje Ele diz que está infeliz no emprego e ela: não vem com frescura, o aluguel vai aumentar.
Ele diz que a ama e ela: "Repete".
"Eu te amo."
"Ah, diz de novo."
"Te amo."
"Mais uma vez."
"Te amo, caramba! "
"Eu sabia, você não me ama mais, se irrita por qualquer coisinha."
Mas voltando ao assunto inicial desta crônica: soube que o mercado cinematográfico está colocando à disposição um número cada vez maior de cópias dubladas, não apenas de filmes infantis, o que se explica, mas também de filmes para adultos.
E o público está aplaudindo a tendência, pois, segundo pesquisa, preferem mesmo assistir ao filme direto em português.
Uma pena.
Entendo que se queira facilitar a vida, mas quando se quer facilitar demais, perde se algumas pequenas sofisticações, hoje cada vez mais raras

Espelho e desejo
Uma amiga me diz que não suporta mais se olhar no espelho.
Ela está se achando gorda, feia, desprezível.
Antigamente, eu talvez dissesse a ela que está na hora de fazer uma dieta e dar uma ajeitada no visual, mas hoje em dia aconselho outra coisa: está na hora, isso sim, de trocar de espelho.
Ela está apenas um pouco acima do peso ideal, e feia não é de jeito nenhum.
É uma mulher inteligente, divertida, bacana.
O problema é que está totalmente focada no trabalho, não tem se relacionado com ninguém.
Não namora.
Não quer nem pensar em seduzir ou ser seduzida, fechou pra balanço.
É é justamente este o espelho que está lhe faltando pra ver se com olhos mais generosos.
A gente se apaixona por si próprio à medida que nos enxergamos através dos olhos dos outros.
Isolados numa ilha ou trancados num apartamento a tendência é não enxergarmos grandes atrativos em nós.
Mesmo sabendo que somos pessoas legais, quem confirma isso Ok, com a auto estima em dia, não dependemos tanto assim da apreciação alheia.
Mas ninguém consegue manter se em alta por muito tempo sem comprovar que é amado, gostado.
Em suma, desejado.
Todo ser humano necessita despertar desejo.
Quando as pessoas nos olham e não nos diferenciam de uma cadeira, a coisa vai mal.
Isso acontece muito naquela instituição, como é mesmo o nome Casamento.
Os dois seguem se amando, mas já estão há tanto tempo juntos que não faz mais diferença se a mulher embarangou ou se o marido perdeu os dois dentes da frente: "amo você de qualquer jeito, bem".
Ama, sem dúvida.
Mas não nos enxerga mais.
É aí que mora o perigo.
Homens e mulheres precisam de um espelho que lhes diga constantemente o quanto são interessantes e atraentes.
Se o espelho rachou em casa e não reflete mais nada, das duas uma: ou a gente se entrega ao desleixo, ou vai buscar reflexos de si mesmo em outro alguém.
Conheço garotas muito mais gordas que minha amiga, e menos bonitas e inteligentes do que ela, mas que não sentem vergonha do próprio corpo, seguem no jogo da vida, ganhando mais do que perdendo.
São bem amadas por amigos e namorados, portanto a imagem que têm delas mesmas é menos rigorosa.
E acabam se tornando belas de verdade.

Coisa de adolescente
Uma amiga minha, com dois filhos pra criar, me conta que está trocando e mails com um cineasta charmoso, aquelas coisas que caem do céu de uma hora pra outra.
Ela me diz com todas as letras: "estou me sentindo uma adolescente! "
Numa novela, outro dia, o mesmo texto: mulher recém separada, mais de 50 anos, declarando se apaixonada feito feito o quê Feito uma advogada, feito uma manicure, feito uma professora Não, feito uma adolescente.
Nem eu escapo.
Outro dia, recebi uma cantada de um guapo nada desprezível, e do alto dos meus 43 anos 16 de casada , me senti igualmente uma menina.
Ora vejam, só por causa de uma cantada inocente que não levou a nada, só por causa da nostalgia que me provocou.
Qual é Agimos como se apenas os adolescentes tivessem o direito de vibrar.
Como se adrenalina correndo nas veias fosse um direito exclusivo deles.
Como se homens e mulheres maduros não pudessem se divertir, não pudessem azarar sem compromisso, não pudessem se presentear com instantes de total curtição.
Quem declarou que isso seria um desajuste Nós mesmos, quem mais.
Entusiasmo não é coisa de adolescente: é coisa de gente grande.
Vou além: é coisa de gente velha, inclusive.
Coisa de adolescente é depender de ajuda financeira dos pais, passar a madrugada bebendo cerveja em posto de gasolina, andar sempre em turma.
E até isto não é propriedade privada deles.
Mas entusiasmo, vibração, paixonite Que insistência burra esta nossa ao afirmar, cada vez que vivemos algo novo e excitante, que estamos em surto de adolescência.
Isso sim é falta de maturidade.
Os maduros de verdade sabem que estão sujeitos a vibrações em qualquer etapa da vida.
Alguém está morto aí Eu, não.
Sei que é difícil, mas vou tentar nunca mais dizer que um entusiasmo é "coisa de adolescente".
É desrespeitoso com eles, que quase sempre amam com mais intensidade do que nós.
E desrespeito conosco, porque nós, os que julgam que tudo viram e tudo sabem, ainda iremos nos surpreender muito nesta vida.

Se você adora o seu amigo ou amiga, saiba que essa é a semana do amigo, e você pode mandar um belo poema de amizade para seu querido amigo de todas as horas, e nós daqui do Alienado colocamos esse poema pra você se inspirar.
Amizade
Muitas pessoas irão entrar e sair da sua vida
mas somente verdadeiros amigos deixarão pegadas no seu
coração.
Para lidar consigo mesmo, use a cabeça,
para lidar como os outros, use o coração,
raiva é a única palavra de perigo.
Se alguém te traiu uma vez, a culpa é dele;
Se alguém te trai duas vezes, a culpa é sua.
Quem perde dinheiro, perde muito,
Quem perde um amigo, perde mais.
Quem perde a fé, perde tudo.
Jovens bonitos são acidentes da natureza:
Velhos bonitos são obras de arte.
Aprenda também com o erro dos outros,
você não vive tempo suficiente para cometer
todos os erros.
Amigos você e eu
Você trouxe outro amigo
Agora somos três
Nós começamos um grupo
Nosso círculo de amigos
E como um círculo,
não tem começo nem fim
Ontem é história:
Amanhã é mistério,
Hoje uma dádiva,
É por isso que é chamado presente
Esses poemas servem para mostrar aos amigos, a tamanha importância dele em nossa vida, pois sem uma amizade verdadeira, não se é possível ser feliz, poder estar em paz, pois sempre precisamos de uma pessoa para nos consolar, para sair e nos fazer rir ou até mesmo para emprestar um ombro amigo para que possamos chorar nossas mágoas.
Existem diversos poemas de amizades espalhados pela internet mundo afora, sendo que eles falam de um determinado tema em específico, seja um pedido de desculpas, seja para mostrar a importância de um amigo em nossas vidas.
Alguns desses poemas já são famosos e conhecidos na internet, por via email, por via orkut ou até mesmo por twitter, que são sites de relacionamento bastante usados por todo o mundo, e acabam sendo fontes fiéis de divulgação desses poemas, não somente desses, mas sim também deles.
Se você quer fazer alguma homenagem a algum amigo, mande a ele um poema, pois isso sempre agrada quem recebe, fazendo com que a pessoa fique muito grata por você ter lembrado dela dessa maneira tão linda e carinhosa.
Veja outros poemas de amizades:
“A amizade consegue ser tão complexa
Deixa uns desanimados, outros bem felizes
É a alimentação dos fracos
É o reino dos fortes
Faz nos cometer erros
Os fracos deixam se ir abaixo
Os fortes erguem sempre a cabeça
os assim assim assumem os
Sem pensar conquistamos
O mundo geral
e construimos o nosso pequeno lugar
deixando brilhar cada estrelinha
Estrelinhas
Doces, sensiveis, frias, ternurentas
Mas sempre presentes em qualquer parte
Os donos da Amizade ”
“Mesmo que as pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os amigos devem ser amigos para sempre, mesmo que não tenham nada em comum, somente compartilhar as mesmas recordações.
pois boas lembraças, são marcantes,eo que é
marcante nnca se esquece! Uma grande amizade
mesmo com o passar do tempo é cultivada assim! ”

Abalando estruturas
Uma amiga minha vive dizendo que odeia amarelo, que prefere tomar cianureto a usar uma roupa amarela.
Quem a conhece já a ouviu dizer isso mil vezes, inclusive seu namorado.
Pois uns dias atrás ela me contou que esse seu namorado chegou em sua casa e, mesmo os dois estando a uma semana sem se ver, brigaram nos primeiros cinco minutos de conversa e ele foi embora.
"Mas o que aconteceu " perguntei.
"Eu sei lá", me respondeu ela.
"Estávamos morrendo de saudades um do outro, mas começamos a discutir por causa de uma bobagem".
Eu: "Que bobagem ".
Então ela me disse: "Você não vai acreditar, mas ele ficou desconcertado por eu estar usando uma camiseta amarela".
Ora, ora.
Era a oportunidade para eu utilizar meus dons de psicóloga de fundo de quintal.
Perguntei para minha amiga: "Quer saber o que eu acho ".
A irresponsável respondeu: "Quero".
Mal sabia ela que eu recém havia assistido a uma palestra sobre as armadilhas da tão prestigiada estabilidade.
Arregacei as mangas e mandei ver.
Você está namorando o cara há pouco tempo.
Sabemos como funcionam esses primeiros encontros.
Cada um vai fornecendo informações para o outro: eu adoro rock, eu tenho alergia a frutos do mar, tenho um irmão com quem não me dou bem, prefiro campo em vez de praia, não gosto de teatro, jamais vou ter uma moto, não uso roupa amarela.
A gente então vai guardando cada uma dessas frases num baú imaginário, como se fosse um pequeno tesouro.
São os dados secretos de um novo alguém que acaba de entrar em nossa vida.
Assim vamos construindo a relação com certa intimidade e segurança, até que um belo dia nosso amor propaga as maravilhas de uma peça de teatro que acabou de assistir, ou sugere 20 dias de férias numa praia deserta, ou usa uma roupa amarela.
Pô, como é que dá pra confiar numa criatura dessas
Pois dá.
Aliás, é mais confiável uma criatura dessas do que aquela que se algemou em meia dúzia de "verdades" inabaláveis, que não muda jamais de opinião, que registrou em cartório sua lista de aversões.
Vale para essas bobagens de roupa amarela e praia deserta, e vale também para coisas mais sérias, como posicionamentos sobre o amor e o trabalho.
Mudanças não significam fragilidade de caráter.
É preciso ter uma certa flexibilidade para evoluir e se divertir com a vida.
Mas ainda: essa flexibilidade é fundamental para manter nossa integridade, por mais contraditório que pareça.
Me vieram agora à mente os altos edifícios que são construídos em cidades propensas a terremotos, que mantêm em sua estrutura um componente que permite que eles se movam durante o abalo.
Um edifício que balança! Com que propósito Justamente para não vir abaixo.
Se ele não se flexibilizar, a estrutura pode ruir.
O fato de transgredirmos nossas próprias regras só demonstra que estamos conscientes de que a cada dia aprendemos um pouco mais, ou desaprendemos um pouco mais, o que também é amadurecer.
Não estamos congelados em vida.
Podemos mudar de idéia, podemos nos reapresentar ao mundo, podemos nos olhar no espelho de manhã e dizer: bom dia, muito prazer.
Ninguém precisa ficar desconcertado diante de alguém que se desconstrói às vezes.
Eu também não gosto de roupa amarela.
Quem abrir meu armário vai encontrar basicamente peças brancas, pretas, cinzas e em algumas tonalidades de verde.
No entanto, hoje de manhã saí com um casaco amarelo canário! Tenho há mais de 10 anos e quase nunca usei.
Pois hoje saí com ele para dar uma volta e retornei para casa sendo a mesmíssima pessoa, apenas um pouco mais alegre por ter me sentido diferente de mim mesma, o que é vital uma vez ao dia.

O anel que tu me deste
Aconteceu em 2005.
Eu estava almoçando com uma amiga na cidade onde ela mora, fora do Brasil.
Era a segunda vez que nos víamos.
Os contatos anteriores haviam sido sempre por e mail, nos quais tratávamos de assuntos profissionais.
De repente, olhei para sua mão e fiz um elogio ao anel lindíssimo que ela usava.
Ato contínuo, ela retirou o anel e me deu.
"É seu." Fiquei superconstrangida, não era essa minha intenção, queria apenas elogiar, mas ela me convenceu a ficar com ele, dizendo que ela mesma fazia aqueles anéis e que poderia fazer outro igualzinho.
De fato, fez.
Acabaram virando nossas "alianças": desde então nossa amizade só cresceu.
Meses atrás, Marilia Gabriela entrevistou Ivete Sangalo em seu programa no GNT quando aconteceu uma cena idêntica.
Ela elogiou o anel da cantora e esta, na mesma hora, tirou o do dedo e deu de presente a Gabi, que ficou envergonhada, não estava ali para ganhar presentes e sim para trabalhar.
Mas tanto Ivete insistiu, e com tanto carinho, que recusar seria deselegância, e lá se foi o anel da morena para a mão da loira.
Nesta era de acúmulo, egoísmo e posse, gestos de desapego são raros e transformam um dia banal em um dia especial.
Não é comum alguém retirar do próprio corpo algo que deve gostar muito ou não estaria usando e dar de presente, numa reação espontânea de afeto.
Pessoas assim fazem isso por nada, aparentemente, mas, na verdade, fazem por tudo.
Por gostarem realmente da pessoa com quem estão.
Por generosidade.
Para exercitarem seu senso de oportunidade.
Pelo prazer de surpreender.
Por saberem que certas atitudes falam mais do que palavras.
E por terem a exata noção de que um anel, ou qualquer outro bem material, pode ser substituído, mas um momento de extasiar um amigo é coisa que não vale perder.
Estou falando desse assunto não porque eu também seja uma desprendida.
Bem pelo contrário.
Já me desfiz de muita coisa, mas me desfaço com planejamento, pensando antes.
Assim, de supetão, por impulso, raramente.
Meu único mérito é reconhecer a grandeza alheia, coisa que também está em desuso, pois sei de muita gente que, ao ver gestos como o de Ivete e o da minha amiga, diria apenas: que trouxas.
Devo estar me transformando numa sentimentalóide, mas o fato é que acredito que esses pequenos instantes de delicadeza merecem um holofote, já que andamos todos muito rudes e autofocados.
Desfazer se dos seus bens para fazer o bem é uma coisa meio franciscana, mas não se pode negar que um pouco de desapego torna qualquer relação mais fácil.
E não falo só de bens materiais.
Desapego das mágoas, desapego da inveja, desapego das próprias verdades para ouvir atentamente a dos outros.
Não seria um mundo melhor
Bom, o anel que minha amiga me deu seguirá no meu dedo, nem adianta vir elogiá lo pra ver se o truque funciona.
Faz parte da minha história pessoal.
Mas posso me desprender de outras coisas das quais gosto, basta que eu saiba que serão mais bem aproveitadas por outras pessoas.
É com esse espírito de compartilhamento que encerro essa crônica desejando a todos os leitores um Natal com muitos presentes mas no sentido de presença.
Que na sua lista de chamada afetiva estejam todos ao seu lado, brindando o que lhes for mais importante: seja o nascimento de Jesus, ou a reunião familiar, ou apenas mais uma noite festiva de dezembro, ou um momento de paz entre tanto espanto, ou simplesmente a sensação de que uma inesperada gentileza pode ser o melhor pacotinho embaixo da nossa árvore.

Eu sou branco.
Você é vermelho.
Quando estamos juntos somos rosa.
Antes de eu conhecer você, eu não sabia o que era rosa.
Até que eu vivia bem sozinho:
comia o que e na hora que eu queria;
saía na hora quando bem entendia para ir ao lugar que tinha vontade de ir,
numa liberdade, independência e auto suficiência.
Quando eu vi você, fiquei vermelho de paixão
e nem me incomodei com os meus brancos.
Até perceber me que eu já não era mais o branco.
Foi quando o vermelho começou a me sufocar e então, brancamente, me protegi.
Mas às vezes eu me irritava e brigava com você.
No fundo, era porque você era vermelha e não branca igualzinho a mim.
Percebi me em alguns variados momentos querendo mudar a sua cor.
Ainda bem que você soube permanecer se vermelha, ter suas próprias emoções,
sentimentos, comportamentos e pontos de vista.
Caso contrário, você seria também branca.
Mas tive minhas reticências,
pois estava acostumado ao meu ritmo e modo de vida branco.
Temi perder minha individualidade.
Mas aos poucos fui descobrindo que o branco para se transformar em rosa
não é perder, desestruturar se e desaparecer, mas é completar se com o vermelho.
O rosa me atemorizou, mas hoje vejo quanto é gostoso conviver,
relacionar me, amar e ser amada.
Dá mais trabalho porque nem tudo pode e deve ser feito brancamente,
mas sem dúvida tudo pode ser mais gostoso e rico com o vermelho.
Frequentemente, um bom lanche branco
não é tão agradável quanto um singelo jantar rosa.
Um mundo muito Cor de Rosa a todos