A dor é antiga e já se tornou minha amiga.
Quando ela me visita, eu a recebo como uma velha conhecida, um hábito de que já me acostumei a sentir o gosto.
Abro a porta e ela entra, se instala confortavelmente no meu lugar preferido do sofá e lá fica.
Dias passam, às vezes são meses, até que ela decida ir embora, até que ela tenha outro alguém para importunar.
É a dor, não relacionada só a um alguém ou um motivo específico.
É a dor, acumulada de anos, o sentimento de abandono, de impotência, de tristeza pura, de se sentir deslocada, de não saber o que fazer, mesmo já tendo tanta experiência nesse quesito.
Vivo um dia de cada vez, pois sei que uma hora ela me deixará.
E, enquanto ela permanece, tento lidar com ela da melhor forma.
Sobrevivo.