Amar é deixar se viver em um campo minado, em batalhas constantes, nas quais ora ou outra vai ser dolorido, vai machucar.
Eu sobrevivi, fui dos momentos altos a baixos em um piscar de olhos, por dezenas de vezes, mas não morri.
Entreguei me por inteira, fui amor da cabeça aos pés.
Deixa o passado para lá, hoje ele não me machuca mais.
Ele levou consigo todo amor e dor que eu carregava no meu coração.
Foi embora, não deixou pistas e eu não quero procurá lo.
Não faz mal, eu o deixo partir para sempre.
Dói lembrar das noites mal dormidas, da saudade que passei, dos medos.
Dói saber que fui inteira, que amei você de tal maneira que esqueci de mim.
O tempo tem sido hoje meu aliado.
O meu remédio para as dores do passado é o único capaz de cicatrizar as minhas feridas.
Eu sobrevivi.
Sobrevivi às dores que me causou, aos medos que passei, aos traumas.
Sobrevivi às marcas na alma, que jamais achei que cicatrizariam, e sobrevivi a esse amor que me machucou até que o coração sangrasse, até onde eu não aguentasse e pedisse ajuda.
Palavras, prazeres, carinho.
Isso me fazia me apegar cada dia mais a você.
Era tanta ilusão que eu nem conseguia ver o mal que me fazia, que as noites não dormidas pareciam não significar nada.
Foram tantas falhas, tanto engano que o meu adeus foi inevitável.
Tenho pra mim que o amor é a mais real forma de dor e sobrevivência.
Ele nos tira lascas do coração e mesmo assim o nosso sorriso continua no rosto por aquele grande amor.
Quase um masoquismo, uma maneira de autopunição.
É estranha essa mistura da qual o mundo é viciado.
Fico feliz, comemoro por todos os sobreviventes do amor que, assim como eu, se entregaram à guerra e saíram vivos dessa história.
Somos todos nobres de coração, vítimas das crueldades que a paixão pode desencadear em nós, mas somos inteiros por termos nos doado até o último suspiro.