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Reencontro do Amor

SÓ UM CONTO QUASE DE AMOR
Demétrio Sena, Magé RJ.
Durante anos e anos, em todos os reencontros ocasionados sempre por ele, depois de longos afastamentos, ela dizia que o amava.
Com todas as forças do seu ser.
Toda sua verdade.
Parecia mesmo que ela o amava, pela comoção demonstrada; os abraços desmedidos; a multiplicação das mãos; os beijos que não escolhiam quais partes do corpo.
Eles eram amigos íntimos; muito íntimos.
Deitavam juntos inteiramente nus; se acariciavam sem fazer sexo; frequentavam campos, recantos e cachoeiras desertas, onde mais pareciam no jardim do Éden.
Trocavam juras de amizade perpétua, sempre assim: sem permitirem que um romance pusesse tudo a perder.
Que as nominatas e os arremates físicos os tornassem proibidos, porque ambos já tinham em separado, perante a sociedade, nominatas formais incompatíveis com quaisquer outras.
Um dia, ela não reconheceu sua voz numa ligação telefônica.
E quando ele se anunciou, disse que lá não havia ninguém com aquele nome; portanto, era engano.
Certo de que o engano era seu, e de muitos anos, o velho amigo desligou o aparelho e seguiu sem fazer queixumes.
Bem vivido, com uma larga experiência de mundo e formado em seres humanos pela escola do tempo, aquele homem sobreviveu ao baque.
Não a culpou e compreendeu que a grande amiga se rendera finalmente às nominatas, mesmo sem os arremates.
Fora convertida pela sociedade sempre correta, imaculada, religiosa e defensora de nomes.