Agora preciso de tua mão, não para que eu não tenha medo, mas para que tu não tenhas medo.
Sei que acreditar em tudo isso será, no começo, a tua grande solidão.
Mas chegará o instante em que me darás a mão, não mais por solidão, mas como eu agora: por amor.
Como eu, não terás medo de agregar te à extrema doçura enérgica do Deus.
Solidão é ter apenas o destino humano.
E a solidão é não precisar.
Não precisar deixa um homem muito só, todo só.
Ah, não precisar não isola a pessoa, a coisa precisa da coisa: basta ver o pinto andando pra ver que seu destino será aquilo que a carência fizer dele, seu destino é juntar se como gotas de mercúrio, ele tenha em si próprio uma existência toda completa e redonda.
Ah, meu amor, não tenhas medo da carência: ela é o nosso maior destino.
O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente.
O amor já está, está sempre.
Falta apenas o golpe da graça que se chama paixão.
in A Paixão Segundo GH.
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