A pobreza do bem
O povo precisa de heróis, precisa se sentir em pouco herói.
E para existir herói, precisa se existir bandido.
Mas quando esse não existe, e se percebe que em seu "território", os que poderiam ser rotulados assim, nada tem de diferente dele mesmo, o povo fica impaciente, sempre procurando um, que o faça se sentir melhor, superior, o faça se sentir herói.
Nada melhor para um herói que um bandido, pois este é quem permite a existência do outro.
Só que nessa busca há sempre muitos enganos, muita chirinola, porque se procura o ' diferente', o que não parece igual (a ele, o povo), e como gente é mais fácil, ou ás vezes só é possível ver o invólucro, coitado daquele que não se assemelhar com o povo, pois este poderá despertar todo tipo de fantasia de monstruosidades no tolo do povo, tornando se alvo de toda ambição do povo de se tornar melhor, herói.
E é incumbido a esse ser, aparentemente diferente, toda sorte de coisas bizarras que só os 'diferentes poderiam fazer'.
Só que ao perseguir apenas por ser diferente, não se percebe quem é o bandido e quem é o herói.
Não percebe, o povo, que é ele quem está criando heróis.
Maria de Fátima S Ribeiro
2003