Banho de Chuva
Abafa! Sou da época de filhos não protegidos, sou da época de pés descalços, comer com a mão, ir solta no banco de trás do carro, Banhos de chuva.
Uma das coisas que mais sinto falta é de banho de chuva, escorregar na cerâmica do pátio da casa dos meus avós, brincar, cantar e correr na chuva.
Isso não fazia mal, não tínhamos pneumonias por causa disso, tampouco gripes, resfriados ou viroses, não sei porque éramos mais saudáveis que a geração atual, quando mais pinotávamos, mas fortes e robustos nos tornávamos.
Talvez porque a industria farmacêutica lá de casa era chá, limão e alho e um caldo de caridade que levantava até defunto.
Nada de tilenol, dipironas, doril e essas coisitas mais, nada de xaropes e descongestionantes nasais, a cura era chá, chá insuportável, chá que éramos obrigados a beber sob vigilância paterna ou sob ameaça de surra ou palmada ou castigo.
Chá tomado por bem ou por mal.
A vida era menos cheia de nãos, não pode, cuidado, isso não, eram palavras pouco usadas, o que não podia era aceitar bombons de estranhos, o que não podia era conversar com estranhos, o que não podia era se afastar dos pais ou beber alguma coisa oferecida por alguém.
Isso não! Nunca! Era perigoso.
Hoje os perigos são outros, os perigos são alguns amigos virtuais, os perigos é o descontrole internetário.