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Mulher

A mulher da Era pós moderna
A mulher da Era pós moderna deve aparecer nos editoriais “completamente desnuda de vulgaridade e totalmente vestida de inteligência”.
Sua elegância se fará notar pela suavidade dos adereços.
Na boca, um precioso implante de palavras que desviem o furor.
Cílios nada postiços, capazes de filtrar o excesso de pó que pulverizam na vida das pessoas e uma lente de contato para enxergar as qualidades do próximo.
Nos cabelos, condicionadores que amaciem o afago das mãos que se apressem a moderar, acalmar, abrigar.
A mulher deve se preparar para ser modelo.
Só pisar nas passarelas da vida, sob as luzes do flash da simpatia! Para manter a forma, uma dieta diferenciada.
Evitar os frutos amargos que se colhem nos canteiros do ressentimento, nunca se afogar numa sopa de mágoa, regada a disse me disse, nem pensar em se viciar na overdose da desgraça alheia.
Toda noite, a mulher pós moderna tem o cuidado de limpar do rosto as teias da decepção daquele dia e espalhar muita alegria em volta dos olhos, da boca, áreas mais afetadas pela desidratação que a tristeza provoca! A reposição hormonal do amor, da fé, da misericórdia e da compaixão é feita em alta dosagem, porque já se provou cientificamente que o único efeito colateral que provoca é a manifestação de bondade.
A mulher pós moderna não pode se descuidar de suas mãos.
Ela tem nos dedos a aliança de compromisso com a dor alheia.
Na bolsa, uma cartela de pílulas da felicidade e também não podem faltar moedas para facilitar o troco: ofensa se troca pelo perdão.
Afinal, ela só anda na última moda, moda e mudança são palavras irmãs.
Roupa de marca é roupa que marca a sua presença nas rodas sociais, pela discrição e dignidade.
A mulher pós moderna não é pesada no self service cultural, como uma salada de frutas: melão, melancia, morango; ela é louvada e reconhecida no jardim da família pelo nome das flores que ajudou a plantar: mulher margarida, mulher rosa, mulher violeta, mulher hortência, mulher amor perfeito.
A mulher pós moderna é embaixadora da paz.
É vigilante pertinaz da preservação da vida! A plástica de sua beleza interior não perde a validade.
Seu corpo espiritual se reabastece nos mananciais da fé.
“E todos os teus filhos serão ensinados do SENHOR; e a paz de teus filhos será muito grande.” Is 54:13

DE UM OBSERVADOR
A mulher não é somente ela.
É também o seu clima.
Perfumes não são recomendáveis.
Melhor é o odor que se descobre, se possível de talco, banho recente ou capim cheiroso espalhado no armário.
Nada de voz aguda.
Respire bem e conseguirá um tom médio.
Cabelos molhados incentiva.
Mulher não deve ter certezas.
Atrapalha e atemoriza.
Bom mesmo é o ar de pode ser.
Melhor ainda é a eterna possibilidade de nos deixar com a impressão de estarmos revelando as verdadeiras descobertas.
Alguma dúvida não faz mal ao ar de interrogação.
Nada de muita jóia.
Aquele brinquinho de furar a orelha de criança ou mesmo orelha furada, sem o brinquinho, é recomendável.
Relógio, jamais de correia grossa.
Mas nada é tão belo quanto penugem na contramão.
Manja certos bracinhos lindos Pois penugem na contramão é aquela que vem descendo pelo braço e de repente muda direção.
Nuca e costas também a têm.
Nada de perfeições de corpo, de cara, nem de gênio.
Só de caráter.
Mulher mau caráter é tão raro quanto repulsivo.
O importante é mesmo ser algo errada de corpo ou de rosto.
Certos erros enlevam traços ou detalhes que isolados crescem, ganham o todo, saltam da mulher e chegam até nós.
Olhar em tom de súplica ajuda.
Suplicar atrapalha.
Mãos leves.
Calmas.
Mão de mulher está para nós como o surfe para a onda: por dentro e por cima, sendo levada e levando, roçando sem arranhar, arranhando sem machucar, sempre um pouco na frente.
Outra coisa: carinho tem hora.
Não hora marcada, porém adivinhada.
Nunca logo depois.
Rosto lavado de preferência.
Olhar de tristeza tão antiga quanto encarnações.
Lágrimas a postos.
Sempre.
Por favor, sem bronca com barriguinha ou descuido nosso.
Nada de exigências ascéticas ou dietéticas.
Mulher que se preza gosta mais de defeitos que de qualidades.
Mas por favor, nunca bata boca com vizinhos.
Fale de, porém não fale demais de empregadas, chefes, costureiras ou patrões.
Mulher deve falar como quem pede.
Pedir como quem ajuda, saber esperar.
Não pode ficar falando "eu acho".
E quando fumar jamais sugar o cigarro com força, aquelas tragadas que fazem um barulhinho quando o cigarro solta da boca.
Há uma virada de olho pelo canto e para baixo (o popular soslaio), altamente condenável.
Baixar os olhos é importante.
Olhar fixo também.
Não definir se o seu olhar é tédio ou mistério.
Mas se for tédio avise logo que a gente se manda.
Pudor é essencial.
Mas um pudor velado, revelado apenas na linguagem misteriosa e eloqüente do corpo, no jeito de se sentar, encolher se na cadeira, ou cruzar os pés.
Braços cruzados em ar de necessidade, de proteção pega muito bem.
Ser friorenta é necessário.
Gostar de pano na cabeça, saia leve e cabelo solto.
Se possível preferir o silêncio.
Se não, dê a bronca e não resmungue.
Gostar de eventuais pilequinhos.
Não de alcoolismo.
Gostar de beijo, gentileza e ser deixada cruzar a porta na frente.
pisar firme é importante.
Firme mas leve.
Andar de quem estudou balé e guardou distante influência ajuda muito.
Saber cruzar as pernas com pudor é fundamental.
Mulher não deve chegar, deve aparecer.
Não deve entrar e sim se aproximar.
Não deve mastigar, deve diluir.
Não deve engolir, deve sorver.
Mar tomar leite como criança é recomendável, segurando o copo com as duas mãos.
Mastigue as torradas sempre devagar, ponha pouca manteiga ou geléia no pão.
Se possível fale "douze" em vez de doze.
Ser daquelas que o sapato arrebenta na rua é bom.
Ser das que se abaixam para consertar, jamais.
"Vou botar esse cara nos eixos" é uma saudável disposição.
Tentar muitos anos sem conseguir e passar a vida inteira tentanto é uma gelada.
Gostar de chapéus é essencial.
Sardas e pintas ajudam muito.
Ar de brincadeira também.
deve dormir o mais encolhida possível.
E acordar solta, confiante no sono.
Nas viagens é essencial cuidar da gente.
E conseguir com discrição o que a timidez masculina inibe.
Goste de cores.
Entenda de silêncios.
Tenha sempre algo escondido.
Aprimore seus climas, sim, porque ser bela nada tem com ser bonita.
É muito mais.