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Mulher Bruta

Ele é como uma roda sem movimento, uma pedra bruta, um olhar cansado, uma vontade por vir, um desejo prestes a eclodir, uma capa que não esconde, talvez uma lágrima que escorrerá pela face adulta demais.
Ele é como é, aliás nunca foi.
Ele acha que o "muito" é muito, e isso o restringe de ir além de tudo.
Ele diz isso, querendo gritar aquilo, nesta nova ânsia de continuar sem saber onde as coisas vão dar, mas eu sei onde elas irão terminar.
Ele é de lua, porém, sem fases, uma monotonia aguda, uma dor que não se sente em mais ninguém, apenas nele.
Ele vai ao trabalho e não olha dos dois lados da rua ao atravessar, ele gosta desses pequenos perigos.
Ele se um dia for, ele será grande.
Grande como o céu no seu infinito, pois, é isso que se torna quando se encontra a si mesmo, no meio das canções, dos poemas e das filas de supermercado: infinito.
Ele nota simplesmente o sol que o atravessa pela janela do apartamento financiado em eternas prestações, mas, que seja essa a sua realização, a sua conquista universal e a dignidade ilibada.
Ele é igual a tantos, porém, com a coragem de ser "ele", e é tão engraçado e desesperador, tão cruel e visceral, tão agridoce e sem nexo.
Ele já não buscas tantas respostas e muito menos, tantas verdades, porque ele descobriu o que é ser ele mesmo.
Me dê um copo d'água e um pedaço desse chão, firme e sólido.
No campo "eu" ainda me importo, compro e finjo que vivo.
Gosto de dançar sobre o meu corpo e circular sobre ele.
No campo "você", ah! Não irás compreender.

Indi(Gente)!
As mãos sujas pelo mau trato da vida, vasculha de forma bruta o saco junto ao meio fio, a cada volta da sua mão na aquele paraíso de sobras humanas, faz escapar o fedor de toda uma sociedade que ignora sua existência.
O rosto baixo com o corpo meio curvado e os olhos tristes, como quem se esconde de outros olhares falsamente piedosos, ouve múrmuros quase imperceptíveis, embora sua cabeça insista em lhe alucinar, que seja sobre sua humilhação.
Sem saber que horas são, sem se importar que seja dia, noite, ou madrugada a fora, sem obrigações legais, sem obrigações sociais, sem falsas ideologias ou filosofias baratas.
Apenas com a esperança de encontrar uma sobra que possa comer, ou vender para conseguir poucos centavos.
Mesmo que seu sofrer lhe de motivos para sorrir, dificilmente saberia que se trata de felicidade, pois a pele queimada do sol e marcada pelo descaso, já não tem a sensibilidade necessária para sentir algo além da dor.
Acostumou se a dar passos vazios, há ser invisível, há ignorar seus sonhos e desejos, não poderia ser nada além de alguma coisa qualquer, quase que um objeto decorativo, essencial em qualquer sociedade trincada e obsoleta.
Percebe que não é bem vindo, percebe que não sabe para onde está indo, e que de alguma forma é motivo de risos, indelicados e indecisos.
Que com suas marcas estampadas, seres ligados no automático esquecem se de vestir se de humanidade.
Seu olhar corre pelas calçadas mal cuidadas, pelos muros pichados, uma cidade morta, cinza e explorada pela incessante busca de poder aquisitivo, que não se lembra mais qual é seu verdadeiro objetivo.
Pensa com sigo mesmo, como mudar, como sobreviver a esses tempos tão incertos, não poderia ser ele o único invisível em um lugar que parece ser bom apenas para sobreviver.
Aos poucos se levanta, exalando o cheiro de seu viver pelos poros entupidos de verdades nunca ditas, abandona o saco, já sem nada para lhe oferecer, da alguns poucos passos com seus pés calejados, prostrando em frente aquilo que pode ser mais uma refeição, cai uma lagrima lhe dando esperança de que ainda não foi totalmente destruído e que lhe resta uma gota de humanidade e assim segue sua sina, imposta por outras línguas que não conseguem identificar o sentido da vida.