Ele é como uma roda sem movimento, uma pedra bruta, um olhar cansado, uma vontade por vir, um desejo prestes a eclodir, uma capa que não esconde, talvez uma lágrima que escorrerá pela face adulta demais.
Ele é como é, aliás nunca foi.
Ele acha que o "muito" é muito, e isso o restringe de ir além de tudo.
Ele diz isso, querendo gritar aquilo, nesta nova ânsia de continuar sem saber onde as coisas vão dar, mas eu sei onde elas irão terminar.
Ele é de lua, porém, sem fases, uma monotonia aguda, uma dor que não se sente em mais ninguém, apenas nele.
Ele vai ao trabalho e não olha dos dois lados da rua ao atravessar, ele gosta desses pequenos perigos.
Ele se um dia for, ele será grande.
Grande como o céu no seu infinito, pois, é isso que se torna quando se encontra a si mesmo, no meio das canções, dos poemas e das filas de supermercado: infinito.
Ele nota simplesmente o sol que o atravessa pela janela do apartamento financiado em eternas prestações, mas, que seja essa a sua realização, a sua conquista universal e a dignidade ilibada.
Ele é igual a tantos, porém, com a coragem de ser "ele", e é tão engraçado e desesperador, tão cruel e visceral, tão agridoce e sem nexo.
Ele já não buscas tantas respostas e muito menos, tantas verdades, porque ele descobriu o que é ser ele mesmo.
Me dê um copo d'água e um pedaço desse chão, firme e sólido.
No campo "eu" ainda me importo, compro e finjo que vivo.
Gosto de dançar sobre o meu corpo e circular sobre ele.
No campo "você", ah! Não irás compreender.