Ele é bem desenhado, das mãos aos calos, dos pés aos princípios, como se tivesse sido feito sob mágica: encomendado e talhado perfeitamente pra mim.
Ele é um soneto de amor que durou mais do que as estrofes e veio parar no meu mundo real, escorregando pela boca enquanto eu deixava as palavras caírem até sambar de vez pra dentro de mim.
Você só seria ele se me respondesse as perguntas com aspas, citando o mundo e me enchendo de referências, me botando de queixo caído por perceber que você sabe tanto (sobre os outros e sobre mim).
Ele é todo esguio e escorregadio, me escapa pelas mãos e para na soleira da porta antes de me dar boa noite.
Porque ele tem dessas coisas de saber me adoçar mais que chocolate, e saber lidar com meu lado fera sem me dominar.
Eu domino e ele sabe, sabe que tá dentro de mim, colado na minha visão panorâmica, palpitando na apreensão do meu peito enquanto eu troco de roupa e pisco pro espelho.
Só seria ele se me dispusesse num jogo rápido de quem tira a roupa primeiro, de quem acompanha o fôlego num ritmo do chão, de quem arfa no pescoço e sabe mexer nas coxas sem ser invasivo.
Ele é uma agonia des per ce bi da que sobe, sobe mais um pouco, sobe até eu mandar parar e fica cutucando a garganta com marcas de mão no pescoço e no cabelo.
Você só seria ele se o seu romantismo ultrapassado reverberasse nos meus cachos, nos meus lisos, nos meus crespos e na textura da minha pele.
Ele tinha tudo pra sufocar e não sufoca, me toca, me inspira e respira pra me botar no mundo de novo.
Ele é aquela sacada genial que eu tive numa manhã de quinta feira, é o meu bom humor e pode até falar pro meu chefe que a TPM não veio esse mês por causa dele.
Você só seria o melhor tipo de homem se fosse o meu tipo de garoto, de marasmo, de ventania de verão.