De você que ocupa um banco vazio do meu lado.
Só que eles sempre acendem as luzes pra gente ir embora – e eu acho que você acaba indo mesmo.
Porque eu sempre vou sozinho pra casa em altas horas da noite.
De você que teria chorado porque eles se acertaram e deram certo depois do não tão felizes assim para sempre.
Você é o meu tipo de garota do cinema.
De cena após cena.
De câmera nos trilhos e silêncio no estúdio.
De gemidos abafados na última fileira do filme.
Depois da sessão coruja sempre bate saudades de você que não veio ainda.
De você que podia ter recostado a cabeça no meu ombro durante o filme.
E me encantando.
Você é um mistério mal resolvido – e espero que continue assim.
Com esse quê de que pode ser real sem perder essa aura de ilusão que me mantém consciente de que pode ser tudo um sonho.
Me afogar.
Me afundar.
E não querer mais sair dali, mesmo que perdido.
Você é o meu amor de roteiro romântico.
Do tipo que perdoa as minhas maluquices e não pergunta o que eu conversei com meu terapeuta hoje.
E é por isso que eu volto ao cinema em todas as sessões coruja de comédias românticas.
Pra ver se eu esbarro numa garota tão perdida quanto eu no seu próprio mundo.
Sonhado pra aparecer um dia desses no meio das nossas loucuras.
Com todos os nossos problemas e com aquela coisa que faça com que a gente se apaixone pelos olhos um do outro.
Com calma pra eu não tropeçar e cair pra dentro de você.
Do tipo que se magoa porque eu falei muito sobre a minha ex, me dá uns dois socos no ombro direito e vai dormir com o telefone desligado.
Que você encararia as coisas com a máxima de que nós dois nos encontramos no mundo por conta de alguma força que vai além da nossa compreensão.
Pra dizer que as nossas conversas estão fadadas ao silêncio quando nenhum dos dois souber o que dizer e isso não incomoda.
Do tipo que eu reconheceria assim que tivesse a oportunidade de conduzir uma dança e pisar nos seus pés.
Pra fazer a gente cair no meio de todo mundo.
E pra você começar a rir desesperadamente e transformar o constrangimento em alegria.
Pra ver se eu encontro alguém que se apaixona tanto pelas histórias dos filmes a ponto de querer vivê las a flor da pele como eu.
Pra ver se dessa vez eu sento do lado de uma poltrona ocupada e recebo um sorriso desconhecido, mas ainda assim bonito.