Quem tem piedade de nós Somos uns abandonados Uns entregues ao desespero Não, tem que haver um consolo possível.
Juro: tem que haver.
Há que trabalhar, ainda que não seja por gosto, ao menos por desespero, uma vez que, bem vistas as coisas, trabalhar é menos aborrecido do que divertirmo nos.
Devíamos morrer de desespero, quando descobrimos que o que tínhamos tomado por alvo dos nossos pensamentos, dos nossos desejos, dos nossos sonhos, não existe, ou não é mais do que um nevoeiro a que a distância empresta formas fantásticas.
Aquilo a que chamamos o nosso desespero é frequentemente a dolorosa avidez de uma esperança insatisfeita.
Às vezes Deus ergue as mãos em desespero e diz para si mesmo: Eu sei, eu sei que muitas coisas poderiam ser diferentes, mas o que foi feito, foi feito, e afinal de contas, eu não sou todo poderoso!
A esperança que o homem tem na eternidade em outro mundo resulta lhe do desespero que sente por não ser eterno naquele onde está.
Pensar o presente conduz necessariamente ao desespero porque a vida não tem outra solução senão perpetuar se na sua imperfeição.
O tédio parece chato ao princípio, mas, caso leve a um saudável desespero, acaba sempre por ser fértil e criativo.
Renda anual de vinte libras, despesa de dezanove libras, dezanove xelins e seis pence, resultado: felicidade.
Renda anual de vinte libras, despesa anual de vinte libras e seis pence, resultado: desespero.