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Mensagens de Martha Medeiros

O ponto G
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Ah, o ponto G, esse paraíso secreto que leva os homens a explorações minuciosas.
Tanto trabalho por nada.
Não temos um ponto G, mas dois, um em cada lateral da cabeça, e não é preciso tirar nossa roupa para nos deixar em êxtase.
Falem, rapazes.
Digam tudo o que sentem por nós, assim, assim isso.
Concordo com a autora de "A casa dos espíritos": o melhor afrodisíaco é a declaração de amor.
Não aquelas mecânicas, faladas no piloto automático, mas as verdadeiras, sentidas, aquelas que os homens imaginam que basta serem ditas com o olhar e com as mãos, mas que fazemos questão de escutar, também com a voz.
“Como eu gosto de estar com você, como você é linda, esqueço do tempo ao seu lado, que horas são Já Que me esperem, não consigo desgrudar de você, amor.” Caetano Veloso vendeu um milhão de cópias do seu último disco e tenho certeza que não foi por causa de “vou me embora, vou me embora, prenda minha ” e sim “por que você me deixa tão solto, por que você não cola em mim ”
As feministas mais ortodoxas deve estar bufando.
Tanta coisa pra se exigir de um homem: mais espaço na política, mais ajuda em casa, salários iguais e nada de gracinhas no escritório, e vem essa daí clamar por palavras! Pois essa daqui acha tão interessante a idéia de igualdade entre os sexos que adoraria vê los soltar o verbo como nós fazemos, expressar os sentimentos sem medo de ser piegas, afirmar e reafirmar diariamente como a gente é importante para eles e que saudades estavam do perfume dos nossos cabelos.
Clichê em último grau, reconheço, mas quem quer ser moderna nessa hora Tudo o que se reivindica é o desbloqueio emocional masculino.
Nossos hormônios saberão como agradecer.

Em caso de despressurização
Eu estava dentro do avião, prestes a decolar, e pela milionésima vez escutava a orientação do comandante: "Em caso de despressurização da cabine, máscaras cairão automaticamente a sua frente.
Coloque primeiro a sua e só então auxilie quem estiver a seu lado".
E a imagem no monitor mostrava justamente isso, uma mãe colocando a máscara no filho pequeno, estando ela já com a dela.
É uma imagem um pouco aflitiva, porque a tendência de todas as mães é primeiro salvar o filho e depois pensar em si mesma.
Um instinto natural da fêmea que somos, todas.
Mas a orientação dentro dos aviões tem lógica: como poderíamos ajudar quem quer que seja estando desmaiadas, sufocadas, despressurizadas
Isso vem de encontro a algo que sempre defendi, por mais que pareça egoísmo: se quer colaborar com o mundo, comece por você.
Tem gente à beça fazendo discurso e reclamando em nome dos outros, mas mantém a própria vida desarrumada.
Trabalham naquilo que não gostam, não se esforçam para manter uma relação de amor prazerosa, não cuidam da própria saúde, não se interessam por cultura e informação e estão mais propensos a rosnar do que a aprender.
Com a cabeça assim minada, vão passar que tipo de tranqüilidade adiante Que espécie de exemplo E vão reivindicar o quê
Quer uma cidade mais limpa, comece pelo seu quarto e seu banheiro.
Quer mais justiça social, respeite os direitos da empregada que trabalha na sua casa.
Um trânsito menos violento, é simples: avalie como você mesmo dirige.
E uma vida melhor para todos Pô, ajudaria muito colocar um sorriso neste rosto, parar de praguejar, encontrar soluções viáveis para seus problemas, dar uma melhorada em você mesmo.
Tudo o que nos acontece é responsabilidade nossa, tanto a parte boa como a parte ruim da nossa história, salvo tragédias pessoais e abandonos sociais.
E, mesmo entre os menos afortunados, há os que viram o jogo, ao contrário dos que viram uns chatos.
Antes de falar mal da Caras, pense se você mesmo não anda fazendo muita fofoca.
Coloque sua camiseta pró ecologia, mas antes lembre se de não jogar lixo na rua e nem de usar o carro desnecessariamente.
Uma coisa está relacionada com a outra: você e o universo.
Quer salvá lo Garanta se primeiro.
Não se sinta culpado em pensar em si próprio.
Cuide da sua saúde.
Arrume o que é seu.
Agora sim, estando quite consigo mesmo, vá em frente e mostre aos outros como se faz.

Não pode tocar
Entro num museu, paro em frente a um quadro, a uma escultura, a uma cerâmica, e enxergo o aviso: não pode tocar.
Não posso, então não toco, tudo bem.
Não tocarei pra não estragar, pra não quebrar, pra durar por muitos séculos.
Nada de sentir a textura do material, nada de deixar minhas digitais impressas, nada de arranhar a tela com minhas unhas mal lixadas, de desgastar as cores com meus dedos imundos.
Então a gente respeita, não chega muito perto, não atravessa a linha amarela, nada de macular a obra com nosso hálito quente e nosso olhar aproximado demais.
Assim é também entre homens e mulheres, entre pais e filhos, entre amigos que procuram se proteger: não se pode tocar em determinados assuntos.
Há questões que arriscam ser maculadas com palavras, que um olhar aproximado demais poderia danificar.
Instaura se sempre um silêncio de museu ao nos aproximarmos de temas perigosos.
Tolera se apenas o som da tevê, de um teclado de computador, de alguém falando ao telefone, ruídos parecidos com silêncio, já que não fazem barulho excessivo, não incomodam o suficiente.
Palavras incomodam o suficiente.
Vamos falar sobre o que nos aconteceu dez anos atrás.
Vamos conversar sobre a morte do seu pai.
Vamos tentar entender juntos a razão de você estar bebendo desse jeito.
Me diz o que te perturbou na infância.
Não, não quero tocar neste assunto.
Mantenha se atrás da faixa amarela, não chegue muito perto, não acerque se de meus traumas, não invada meus mistérios, não atrite se com o meu passado, não tente entender nada: é proibido tocar no sagrado de cada um.
Todas as relações do mundo possuem sua prateleira de cristais.
Há sempre um suspense, uma delicadeza ao transitar pela fragilidade do outro.
Melhor não falar muito alto, é mais prudente ir devagar e com cuidado.
Para não estragar, pra não quebrar, pra durar por muitos séculos.

Pegação
Eu vou pegar uma caneta e já anoto seu número.
Eu vou pegar o próximo ônibus.
Eu vou pegar um copo d´água pra você.
Eu, bro Vou pegar uma mulher!!! Duas, se bobearem
Ah, língua portuguesa, que flexibilidade.
O tempo passa e o nosso vocabulário muda, se expande, se transforma, ganha novos e riquíssimos significados, como este agora: pegar mulher.
Aliás, pega se homem, também.
É natural que garotos e garotas saiam pra noite querendo se dar bem, conhecer pessoas, ter uma história, um romance, uma ficada, duas ficadas, três ficadas, quatro ficadas esquece, a partir daí já não acho natural coisa nenhuma.
Acho um desperdício de energia.
Pegar quatro caras.
Pegar cinco minas.
A gente está falando de quê, de catadores de lixo
Parece.
Não se trata de caretice, mas de adequação.
Pegar, pega se coisas.
Não gente.
Coisas.
Bonecos infláveis, que podemos segurar, tocar, lamber e descartar 10 minutos depois.
Coisas.
Produção industrial, sentimento nenhum, envolvimento zero.
Coisas.
Objetos inanimados.
Sem voz, sem idéias, sem vida.
Coisas.
Pegue e leve, pegue e largue, pegue e use, pegue e chute, pegue e conte para os amigos depois.
Pegar, cá pra nós, é um verbo muito cafajeste.
Tudo bem experimentar sensações diversas, conhecer de tudo, exercitar a sexualidade, mas em vez de "pegar", poderíamos empregar algum outro verbo menos frio e automático.
Porque, quando duas bocas se tocam, nada é assim tão frio e automático, na maioria das vezes a naturalidade é forçada, é a turma que dita as regras e exige que todos se comportem igual, então vão todos para a balada fingindo que deixaram o coração em casa, mas deixaram nada.
Deixaram a personalidade em casa, isso sim.
Mas o que uma tia como eu pode fazer contra o avanço (avanço ) dos costumes e a vulgarização do vocabulário Sou do tempo em que pegava se uma carona, um avião, uma gripe.
Quando o assunto era relação, por mais frágil e rápida que fosse, ninguém estava pegando ninguém.
Ao contrário, estava todo mundo se soltando.