Às vezes, eu penso que uma música diz tudo que eu queria dizer pra alguém.
Então, sem conseguir reunir coragem ou palavras minhas para ir até ela e me abrir, eu guardo.
Guardo as coisas que queria falar, as poucas letras que se formaram na minha cabeça e qualquer sentimento que por um segundo tenha me enchido e me motivado.
E isso não acontece poucas vezes.
Até porque, não sei que dom é esse que as canções tem de traduzir o que sinto.
Já fiz uma playlist inteira só com formas de dizer “Eu te amo”.
Poderia até ficar nas músicas.
Ou nas músicas de amor.
Só que, em várias outras ocasiões, já me peguei lendo livros, vendo fotos, decifrando obras de arte e muitas delas, de alguma maneira, traduziam alguma coisa dentro de mim.
Estranho isso.
Um professor de português, certa vez, disse que eu não sabia me expressar muito bem, mas que meus olhos gritavam o que eu queria.
Então, o segredo para deixar algo fluir nas minhas redações era apenas fazer com que os olhos “transbordassem para o papel” tudo o que queriam dizer.
Nunca consegui ser assim.
Aliás, dar vazão aos meus quereres, desejos e vontades sempre foi algo complicado.
Primeiro, porque eu não gostava de impor nada a ninguém.
Segundo, porque tinha medo que a opinião dos outros em relação a algo que eu sentia poderia ser ruim.
O que eu aprendi nisso tudo Bom, que perdi várias oportunidades de falar algo e me posicionar.
E, também, que a opinião dos outros não deveria ser tão importante assim.
Mas eu preferi continuar colecionando palavras ao invés de distribuí las.
Queria arrumar alguém para trocá las, como figurinhas.
Alguém pra conversar mesmo.
Assim, bem mais do que perder chances de me fazer ouvir ou declarar o que sentia, fui me guardando.
Da vida, do amor, do mundo, de tudo.
Aquilo que não se sabe dizer, agora sei, não será dito.
Entretanto, o que pode ser colocado pra fora e que ajuda a levar uma vida melhor, precisa parar de travar a garganta e se afogar em covardia.
Como toda teoria, eu ainda não tenho ideia de como fazer isso na prática.
Tão mais fácil colecionar palavras que não tenho coragem de usar.
Às vezes é tão mais fácil calar.