Vivendo a vida solitariamente, como um ermitão isolado em uma caverna, não teria a risada de outras pessoas para te mostrar como podem ser felizes juntas, enquanto se aquecem em volta da fogueira.
A reunião entre amigos que há muito tempo não se viam é como uma galeria de arte viva.
Uma exposição de obras impactantes que deixaram sua marca no tempo e ilustram as paisagens existentes no interior da mente humana.
Você só quer que te liguem no trabalho, marcar um compromisso para almoçarem juntos.
Ser avisada quando estiverem por perto para poder ouvir mais essas vozes e rir dos dias que foram difíceis.
E quando chegam os amigos, quando os parentes vêm visitar, são eles mesmos as surpresas.
Mesmo quando os anos não parecem ter alterado o rosto, são uma nova pintura para apreciarmos.
Pequenos atrasos quando marcam encontros são como momentos de mistério em um filme.
A qualquer momento a música sobe, a cena muda e um novo espetáculo se inicia para o deleite dos olhos que não sabem de onde surgirá quem espera.
E não importa a notícia, se te acordou quando planejava dormir, ou interrompeu algo importante, desde que do outro lado da linha seja a voz da pessoa correta.
E vagueando na cidade, seus olhos identificarão em esquinas e semáforos o fantasma de brincadeiras de quando era criança.
E você encontrará moradia na praça em que passou a tarde sentada com todos no banco antes de escurecer.
A presença de amigos te entusiasma quando está cinza, traz apetite quando está apática, aquece a ponta dos dedos quando já estão duros no frio e alivia a tensão no meio da bagunça e do caos.
E o agasalho que você guardou naquela noite de garoa, oferecido emprestado sem muita cerimônia, foi guardado como um tesouro.
Em noites quietas, ele é capaz de aquecer o coração como um envolvente e longo abraço.
O melhor lugar da cidade para se estar sentado, em um sofá tão confortável que mais parece um trono de contos de fada, é ao lado desta pessoa que na poltrona ao lado te confere a vista que nenhuma janela poderia oferecer.
Ainda que perambule por ruas desconhecidas em um distante bairro da cidade, entre novos condomínios e terrenos abandonados, só se sentirá sozinha se não estiver mais de mãos dadas com os companheiros que dão sentido à caminhada.
Estar junto, conhecer essas pessoas, partilhar de uma viagem de ônibus ainda que curta até em casa, é poder agradecer por uma dádiva toda vez que brevemente se cumprimentam com um sorriso.