O valor da comida,
Pra quem tem sobrando,
Não sabe ainda,
Pra quem tá faltando,
Que custo isso tem
Pra provar pra alguém.
Que na vida,
Tudo vai e vem.
Da riqueza a miséria,
E da miséria a riqueza,
Uma nobre proeza,
Da vida na matéria.
Conforme a realidade,
Conforto, luxo e ostentação,
Pobreza de verdade,
Que dói o coração,
De um lado a vaidade,
Do outro um covarde,
Ou alguém em aflição,
Muitos nomes se dão,
A vida de necessidade,
Mas só quem vive pra saber,
O que lhe aprisiona,
O desejo de morrer,
Às vezes ocasiona,
Mas fazer o que
Se vida ainda lhe tem,
Tem mesmo que viver,
E ir bem mais além,
No lado do rico,
Um nobre amigo,
Que demonstra suas posses,
Até no umbigo,
O ouro se retorce,
Anda de carro,
O tempo todo,
Produto de barro,
E coisa de bobo,
Festas e vida diferente,
O pobre é um indigente,
Que lhe oportuna,
Bem na sua frente,
Mora uma viúva,
Que tem seus filhos ainda,
Dinheiro bem pouco,
Sorte que tem comida,
Vive chorando feito louca,
Sempre olhando pra cima.
Mas o mundo lhe absolve,
No novo modo de ser,
Todo mundo resolve,
Então, lhe socorrer.
A diferença vem na morte,
Que qualquer hora pode chegar.
E entrega a própria sorte,
Qualquer um que ela venha buscar,
Não escolhe por diploma,
Nem perdoa vida difícil,
Nesse dilema a vida soma,
Só mais um no precipício.
O ser humano,
Se acha eterno,
Sempre insano.
Dentro de seu terno,
Caminha a pensar,
No seu futuro,
Sem saber que lá está,
Um pobre em apuro,
Indo pro lado de lá,
Dai vem a religião,
Trazer o conforto,
Enfeitar a ocasião,
Do pobre morto,
Que a sorte lhe possa seguir,
Pois se sorte lhe faltar,
Algo vai lhe perseguir,
Não importa onde está,
Terminado o velório,
Todo mundo vai embora,
Volta tudo pro envoltório,
Alguém aínda chora,
Mas logo vai se esquecer,
Por que vivemos assim
Achando eterno nosso viver
Se a morte chega jazim.
Pra mim e pra você.