Explosao Interior

O ritmo das decisões que almejamos ter na vida está intimamente ligado à nossa essência.
Como objetos inseparáveis, eles precisam de sintonia para coexistir em harmonia.
Quando se perde o equilíbrio das partes, reina o caos.
Ele sendo interior, não destrói apenas aquilo que em alguns momentos nos propusemos a ser, mas se expande para o que se encontra ao redor.

Às vezes, a confusão interior começa a passar despercebida até o momento em que ela explode.
Não podemos nos culpar por completo, pois às vezes ela surge de uma soma de detalhes que no ato de viver, passam despercebidos.
Controlar as pequenas coisas, por vezes, é um ato muito difícil de ser gerido e, por isso, quando se dá conta ele já alcançou proporções astronômicas.
Não se desesperar e manter a lucidez é a única forma de evitar o descontrole.

Tudo que acontece em nosso interior precisa de entendimento e aceitação.
Somos o que somos por algum motivo.
A fonte pode ser variada, mas de alguma forma criou aquilo que podemos distinguir como sendo nós.
Controlar os nossos sentimentos a partir do autoconhecimento é o que impede o turbilhão interno de se tornar um furacão devastador que arranca nossas bases do chão.

Todos têm sonhos e desejos que pretendem ver realizados em vida, mas quanto maior o objetivo, mais alto é o voo, mas difícil de alcançá lo e maior pode ser a queda.
Sendo assim, nunca podemos permitir que buscar algo se torne uma obsessão demasiadamente grande, pois, se assim o for, podemos terminar sendo consumidos pela vontade enquanto perdemos as características que nos representam como seres humanos decentes.

Nada nessa vida pode ser tornar um vício, pois ele nunca leva a um bom caminho.
Mesmo os sentimentos positivos podem ser deturpados através da ideia de vício, ou seja, de querer ter mais a todo custo.
A alegria é algo que nos faz bem, mas se não medirmos esforços e caminhos para conseguir mais, passamos a somar circunstâncias negativas através da desculpa de buscar um bem maior.
A confusão interna que isso pode causar leva justamente a resultados opostos daquilo que se tem buscado.

A sensibilidade sem entendimento é como um touro indomável, que não se sabe o rumo que vai tomar.
É preciso entender tudo o que se passa dentro de si mesmo, para que sempre tenha o controle dos seus sentimentos.
Aquele que se diz sensível, mas não consegue dominar as consequências disso, adoece em meio ao turbilhão de acontecimentos internos que não permitem que a melhor decisão seja tomada.

A alma não é simples pureza de espírito que deve caracterizar tudo de bom que podemos ser.
Ela pode estar manchada com marcas pretas que talvez nem se dê conta, mas que impedem que progrida devido ao desequilíbrio interno.
É preciso procurar a estabilidade para não surtar, pois o acúmulo desenfreado de imperfeições leva a sanidade a andar na beira do abismo.

Se a sua vida parece estar uma bagunça não coloque a culpa no que acontece ao seu redor, pois isso é somente um detalhe.
O que realmente causa nossa ruína é o descontrole interno, quando os sentimentos entram em guerra e causam o tumulto da mente.
O alvoroço se reflete naquilo que apresentamos para a sociedade, mas a culpa não é dela – pelo menos não exclusivamente – mas sim da nossa incapacidade de sermos seres harmônicos.

O amor é algo lindo e todo ser vivo o almeja, pelo menos por uma centelha dele.
Mas persegui lo o todo custo nos coloca em conflito com outros sentimentos guardados dentro do peito, os limites são ampliados, tanto para o bem, quanto para o mal.
Nesse panorama de distensão desarmônica, os antagonismos do coração podem levar uma pessoa a se perder de si mesma.

Nunca podemos nos ver em uma situação em que somos cópia perfeita de um outro alguém que nos seja objeto de admiração, afinal, isso é impossível.
Somos denominados indivíduos justamente pelas diferenças que nos definem.
Sendo assim, a busca incessante por ser algo que não se harmoniza com nossos reais sentimentos causa terremoto que abala as estruturas emocionais e pode levar a uma perda real da sanidade, física e emocional.

Não somos capazes de abraçar o mundo, simplesmente é algo além de qualquer possibilidade humana.
Assim devem ser encarados os sentimentos, que são numerosos e podem ter a dimensão do universo.
A ideia de que consegue lidar com tudo sozinho permite que seja consumido pelo crescimento desenfreado dos sentimentos presos no coração, e esse pode ser início da sua queda.

Aquele que não separa a vontade da necessidade é obrigado a lidar com muito mais do que se pode suportar.
Correr com força desproporcional atrás daquilo que não é de necessidade pode fazer com que a ansiedade cause distúrbios, e quando eles se somam podem levar a uma explosão que nem especialistas podem resolver.

Não cruze os braços permitindo que o desconforto interno prolifere.
Ele pode te levar a decadência, caso não seja devidamente cuidado.
O turbilhão de sentimentos guardados dentro do peito e que permanecem sem solução causam o aumento da angústia, que simplesmente destrói a sua qualidade de vida.

A paz verdadeira não se encontra em um ambiente barulhento e hostil.
Ela só pode ser encontrada na calmaria de espírito.
É isso que se deve buscar.
Tentar alcançá la de outra forma é o mesmo que buscar a confusão interna e, se assim fizer, com certeza nunca encontrará a confortante paz.

O controle dos nossos sentimentos é a única coisa que nos impede da autossabotagem que leva à ruína completa.
Precisamos controlar principalmente o desejo, que quando livre para criar e destruir começa a fomentar outros sentimentos, como inveja, ódio e ganância.
Esses, por fim, causam o desmembramento da alma em partículas incapazes de formar um todo.
A percepção de si mesmo pelo prisma da vida é o mesmo que a visão de uma aldeia varrida pelas lavas de um vulcão.