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Eu Amo minha Profissão

Quando alguém é meu amigo eu faço o impossível para ver a pessoa bem.
Se eu gosto tomo as dores, embarco em indiadas, dou um jeito de fazer com que tudo fique numa boa, nem que seja ouvindo e dando o ombro.
Mas, por favor, nunca minta para mim.
Quem mente perde completamente a minha confiança.
Procuro ser uma pessoa justa.
E, confesso, meu lado bonzinho fica encostado no lado babaca.
Em outras palavras: às vezes sou burra ao invés de boa.
Se tem uma coisa que detesto é me sentir enrolada.
Me preocupo a fundo com os outros, por isso não curto pequenas mentiras e desonestidade.
Pena que tem gente que não enxerga isso.
Muitos se acham donos da verdade, dizem que fazem e acontecem, aparentam ser uma coisa que não são.
Tem gente que adora inventar a vida, contar vantagem e semi lorotas brabas, florear a realidade e brincar de autor de novela.
Tem coisa que é surreal.
Tem coisa que é irreal.
Tem coisa que foge completamente dos padrões normais.
Agora você me pergunta: existe essa coisa de normalidade Claro que não.
Minha vida muitas vezes é uma novela mexicana, em outras tantas vira caso de política.
Mas eu não minto, não enrolo, não me faço de louca e não tomo ácido.
Não sei fingir.
Abraço minhas vontades, mesmo que a minha cara fique roxa de tanto apanhar.
Cumpro minhas promessas, mesmo que me doa.
Não brinco com os outros para me distrair, tampouco dou uma de boa samaritana para depois me esconder atrás da moita.
Isso não.
Por isso, digo e repito: gosto de gente de verdade.
Se você é assim, por favor, senta aqui e vamos tomar uma birita.

MochilAR
Eu amo o Brasil, eu amo o meu trabalho, e eu amo muito mais a minha família e meus amigos.
Mas infelizmente eu vivo em um País no qual esse amor não é correspondido a contento em razão dos inúmeros problemas sociais, frutos principalmente de um câncer chamado corrupção, tão antigo quanto endêmico e letal.
E enquanto esse filme se repete a todo o tempo, independentemente de trocas de governos, legítimos ou não, nós brasileiros, embora “donos” de um dos mais belos países do mundo, morremos à míngua, por asfixia, todos os dias e noites, por falta de segurança, nas filas de hospitais públicos, de fome, de ignorância, e a cova para a nossa esperança também já nos espera.
Foi exatamente nesse ponto que a Europa entrou em minha vida.
Não, eu não gostaria de viver em outro país senão o Brasil, mas eu gostaria muito de viver em um país no qual, por exemplo, ricos, pobres, negros, homossexuais, mulheres e portadores de necessidade especiais compartilhassem o mesmo vagão de metrô, sem que isso fosse considerado anormal.
E assim como cada conterrâneo meu tem a sua “válvula de escape” para continuar nesse relacionamento doentio, eu também encontrei a minha: Viajar, sobretudo para lugares nos quais eu respire sem a obrigação de carregar nas costas um balão de oxigênio.
Daí são vários meses de trabalho duro, inúmeros feriados não aproveitados junto à família e amigos para ir ali, a alguns milhares de quilômetros do Brasil, só para passar, a pé, em uma faixa de pedestre sem ter que apontar o dedo do meio ao motorista que não para, e ser mais mal educada que ele, só para ver pessoas com livros nas mãos em qualquer parte da cidade, nas praças, nos parques, nos ônibus, trens, só para pagar 30 euros, de avião, para ir de um continente a outro, só para me distanciar um pouco, por pouco tempo, de números tais como “cinquenta e oito vítimas de homicídio a cada oito horas no Brasil”, que para mim são mais que estatísticas, é oxigênio jogado fora do cilindro.
E quando ele está vazio, eu tenho mesmo que viajar para reabastecê lo.
Não, a Europa não é um paraíso.
Também tem inúmeros problemas sociais, tais como desemprego, mendigos, em alguns lugares, xenofobia, em outros, ainda homofobia, mas, por enquanto e enquanto um político brasileiro, nos moldes como são sempre os nossos, for impedido de ter acesso e meter a mão ao quinhão que não lhe compete por lá, será possível caminhar pela Europa, a pé, com uma mochila nas costas, e não com um cilindro de oxigênio, vazio.