É que a vida tem um jeito estranho de dizer suas entrelinhas.
Algumas coisas são ditas dentro das mesmas circunstâncias, entre os momentos que mudam e os fatos que se alteram, e tudo continua no mesmo lugar.
É que a vida tem um jeito estranho de revelar a realidade.
Àquela que existe no intervalo entre o que se quer e o que se tem, mas quando se está nela, não é uma coisa nem outra, e sim um fragmento da ilusão.
É que a vida tem um jeito estranho de contar certas verdades.
Algumas são contadas de um modo, ouvidas de outro e, ao final de tudo, não passam de invenção dos sentidos.
É que a vida tem um jeito estranho de apontar novos caminhos.
Alguns têm atalhos que mudam a direção, se distanciam do ponto de partida, e voltam para o mesmo lugar.
É que a vida tem um jeito estranho de fazer perceber suas incertezas.
Algumas vezes o presente é uma certeza absoluta, mas no intervalo entre o agora e o daqui a pouco, tudo muda, e a mesma certeza se transforma em um pequeno detalhe pertencente ao passado.
E o amanhã nem chegou ainda
É que a vida tem um jeito estranho de explicar os sentimentos.
Muitas vezes os que ocupam os espaços de afeto do lado de dentro, não são os mesmos experimentados do lado de fora.
É que a vida tem um jeito estranho de fazer compreender o que é a felicidade.
Alguns a perseguem durante uma vida inteira e não a encontram; outros sequer se preocupam com ela, e são em si a sua mais pura expressão.
É que a vida tem um jeito estranho de ensinar o significado de ausência.
Como entendê la se ao fechar os olhos vem logo ao encontro a presença
É muito estranho esse jeito que a vida tem de dizer certas coisas
Talvez, nesse jeito tão estranho de dizer, resida toda a sua poesia!