Espelhos não Mostram minha Dor

Você me vê sorrindo e mal sabe as tristezas que tento esconder, a tortura que vive minha alma, menos ainda o sangrar do meu coração.
Você me olha e enxerga o que eu quero deixar transparecer, a máscara que eu criei e não o que eu verdadeiramente sou.

Olho me no espelho e penso: quem sou Ele não consegue decifrar.
Esse reflexo que vejo é apenas carnal, mas o meu espírito até que se assemelha, pois é oco igual.
Não tenho medo do que podem pensar de mim, desde que não descubram a verdade sobre as minhas dores, tudo estará bem.

Eu só peço a Deus que não me encha de mais fardos, de novas dores, pois eu não vou aguentar.
Já carrego coisas demais nos meus ombros e não consigo me ajeitar.
Tudo está tão escuro e dolorido em mim que não sei até quando o meu sorriso amarelo continuará perpetuando entre as pessoas.

Sua vida é assim, completamente coberta de vazios e medos como a minha O que eu vejo sobre mim, ninguém mais vê, nem mesmo quem cresceu comigo.
Tenho mágoas profundas, cicatrizes que volta e meia se abrem e doem como se eu tivesse feito agora.
Eu não sei como curar essa dor, mas prefiro não mostrá la ao mundo.

Poucas vezes me abri com alguém sobre os meus sentimentos mais profundos e ocultos.
E dessas raras conversas eu ainda não contei tudo.
Posso dizer então que tenho grandes segredos que carrego na alma, só meus, e que doem demais em mim.

Seria muito mais fácil dizer que sou uma pessoa fingida, que o que vê em mim é uma farsa, porque na verdade é, mas não porque eu assim desejo, mas sim porque é como tem que ser.
Não posso te dizer como sou, o que sinto, o que me dói, pois são tantas coisas que até mesmo você enlouqueceria.

Espelhos não refletem a minha dor, não demonstram que por trás do meu sorriso há um motivo maior do qual me faz discutir comigo mesmo e chorar incansavelmente em meu quarto escuro.
Existem razões pelas quais eu estou enfraquecendo, mas que ninguém poderia evitar.

Eu não estou bem, preciso de ajuda, mas não consigo pedir.
Minha voz se cala todas as vezes que penso em me abrir, sinto até preguiça de contar os meus medos, dores e tristezas.
Aí vou desistindo de mim como quem desiste de um brinquedo qualquer que não sabe mexer, mas ao meu redor ninguém percebe.

Ouvi dizer que o tempo é o melhor remédio para todas as dores, mas isso é uma tremenda mentira.
Quanto mais o tempo passa, mais eu sinto que flechas entram em meus pulmões e me tiram o ar.
Estou sangrando, mas sorrio ao invés de chorar, e no final da noite deito em meu travesseiro com o coração sangrando e imploro por um pouco de paz.
Assim pego no sono e depois levanto mais um dia para reviver essa rotina.

Eu tento esconder os meus sentimentos e sempre consigo.
No fundo, torço para dar errado, para alguém desvendar os meus problemas e vir me ajudar, mas é em vão.
Em não consigo perder a batalha para eu mesmo e nisso vou enrolando ainda mais o meu sofrimento.

Sei que todos sofrem, o mundo inteiro tem dores e muitos, assim como eu, não sabem lidar com elas.
Mas ao invés de nos ajudarmos, nos trancafiamos em um mundo paralelo em busca de amenizar a dor e não fazer os outros ao nosso redor sofrerem também.

Preste atenção, eu não quero nada além de calar essa voz que grita dentro de mim, dizendo o quanto estou infeliz, triste e desanimado.
Mas ao invés de eu procurar ajuda, mostro para os outros que estou bem, dou os melhores conselhos do mundo, interajo, saio, finjo me divertir e no final das contas o que eu tenho é um enorme vazio dentro de mim.

Sinto que a tristeza me domina, têm dias que eu mal consigo levantar da cama e meu maior desejo é sumir.
Mas para o mundo eu estou bem, sou feliz e tenho tudo o que preciso para viver em paz, mas o meu coração não achava isso e vive a me perturbar.

Eu sei que mesmo olhando fixamente para ti, como agora, você não consegue ler no meu olhar as causas das minhas dores.
Meu sofrimento pode às vezes ficar visível, mas nada que preocupe alguém.
Então, devo me julgar forte demais ou fraco demais Talvez eu só esteja perdendo a oportunidade de ser um bom ator.

É essa dor enorme que me atinge no peito e me sufoca.
Mas aí eu respiro fundo, coloco um sorriso mentiroso no rosto e vou fazer sala para a vida.
Me visto de palhaço aos meus olhos e encarno um personagem que tenta se estruturar para não sofrer ainda mais com os julgamentos alheios, mas ainda assim eu me sinto atingido por tudo e todos, e não importa o que eu faça, pois os dias só pioram essa sensação.