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Crônicas sobre Amizade

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências
A alguns deles não procuro, basta me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece os!

Olá, permitam apresentar Henrique personagem dessa crônica.
Ele nasceu em uma família bastante religiosa que sempre o ensinaram a amar o próximo como a si mesmo, o amor fraternal, etc., mas por muito tempo não teve irmãos e quase não interagia com crianças.
Isso fez com Henrique tivesse muita carência de amigos e durante toda a juventude ele buscou na escola, na igreja e em todos os ambientes por onde passou o amigo que seria para vida toda, o amigo que se formariam juntos, namorariam, casariam e morariam próximos e seus filhos também fossem amigos.
Com alguns acontecimentos da vida, mesmo depois de adulto ele continuava sozinho e se dedicou a ajudar as pessoas quando elas precisavam e quando não precisavam também.
Gostava de reunir as pessoas que conhecia em sua casa para almoços e jantares.
Adorava estar em grupos por isso sempre que ia fazer algum passeio levava alguém, mesmo que precisasse pagar todas as despesas sozinho.
Henrique sonhou em montar uma nova família, uma família de amigos escolhidos pelo coração.
As pessoas sempre o diziam que ele era um grande amigo, que era prazerosa sua companhia, era um irmaozão, etc.
Mas um dia Henrique estava só e procurou por um e por outro e não encontrou ninguém.
Ele foi compreensível, estavam todos ocupados em suas vidas, mas a semana passou, o mês, o bimestre e ele percebeu que se ele não corresse atrás, ninguém ligava para ele.
Seu celular não tocava, nem um sms procurando saber se ele estava vivo.
E os monstros da infância apareceram dizendo que não adiantava o amor fraternal, todo o esforço para arrumar amigos de verdade, isso não era para ele.
Provavelmente ele sufocava as pessoas querendo tratar tão bem delas quando elas não queriam isso.
Ele questionou porque as pessoas não diziam isso a ele e os monstros riram fartamente e perguntaram se ele realmente acreditava na coragem e na sinceridade das pessoas.
Dessa vez ele não teve como vencer os monstros.
Só quem poderia derrota los era a ligação ou um sms espontâneo, mas mesmo assim ele tentou.
Mandou um sms para o ultimo amigo a se afastar, mas não teve resposta.
Henrique então se rendeu ao inimigo.
Dedicou se ao trabalho e estudos, esse sim o distraia, divertia o embora de vez em quando o aborreça também, mas uma coisa ele aprendeu, jamais deixou alguém lhe dizer que o amava ou o considerava como amigo ou ate mesmo da família.
Não que ele não soubesse que existem verdadeiros amigos, seu coração estava muito ferido e ele escolheu se proteger.
Não é bom, nem gostoso ser só, mas é melhor não ter ninguém do que perder tanta gente.