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Cartas de Decepção

Vinha sofrido de histórias passadas.
Daquelas que tinham marcado a alma e gravado a decepção tão forte na cabeça que não acreditava ser possível encontrar alguém para sorrir assim tão abertamente.
Para sorrir de verdade novamente.
Passei a crer – de pés juntos e cabeça baixa – que o Amor continuaria me reservando uma faceta ruim e que estava sempre fadado a fracassar.
O Amor nunca fracassa, aprendi.
Aos que acabam transformando o no peito durante a relação, certamente ele acaba em um sentimento diferente.
Aos que provam de alguma traição, há sempre o Amor na possibilidade do perdão – mesmo que se decida não olhar mais na cara da pessoa.
Aos que se desiludem, o Amor acaba retornando fantasiado de uma nova oportunidade.
E assim foi comigo.
Teu Carinho, por fim, se tornou o meu melhor amigo.
Algo que me esquenta nos dias de inverno e que me faz sorrir mais largo nos dias de Sol.
Daqueles que tece clichês no pé do ouvido e surpresas nos dias mais rotineiros.
Sem dúvida levarei para sempre as cicatrizes que, por ensinamento da Vida, não preciso esconder, mas a cicatrização do meu peito vem diretamente ligada à tua presença comigo.
Se não fosse por você, eu estaria sozinho.
O mais engraçado é que, durante um certo tempo, eu lutei contra tudo isso que nascia em mim.
Você vai se lembrar das negativas, dos arroubos de lágrimas e das brigas que tinha quando você insistia.
Essa história de “quero te fazer feliz” não colava.
Hoje eu sei que você entrou na minha história para me fazer bem mais que feliz.
Você apareceu pra me re ensinar a viver.
A gratidão acontece nos meus beijos, nos meus abraços.
Me desculpa se, às vezes, eu cobro algo, se eu tenho ciúme, se eu acabo me excedendo.
Ainda carrego um resto de medo, mas a cada dia a confiança vem aumentando.
A cada dia você devolve o brilho; meu e da vida.
E vejo que estamos dando certo.
O Amor nunca fracassa, isso é certo.
Ele apenas espera para se entregar de novo.
Quando a recíproca for verdadeira.

Ninguém se decepciona com o inimigo.
O mais difícil na decepção é que ela vem, justamente, de quem menos esperamos.
É feito veneno que entra na circulação e paralisa a mente.
Anestesia a percepção, e então, a primeira reação é excluir qualquer possibilidade de que aquilo seja real.
A gente nega, mente pra gente na cara dura.
Não é possível que isso está acontecendo! Isso não existe! Nem mesmo eu existo! Quem existe Afinal de contas, onde estão as claquetes, os atores e as câmeras dessa pegadinha
Depois, a ficha cai junto com a cara no chão.
A gente sente a pancada, bem forte na boca do estômago.
É como um filme que paralisamos na cena de um nocaute.
E mais tarde, ao apertarmos o play, a pancada vai certeira na alma.
A vontade é de virar um cartoon, abrir um zíper nas costas e sair daquela pele, correndo.
Em seguida, entrar num bar, levantar a mão para o garçom e pedir: Outra vida, por favor!
É para se decepcionar basta estar vivo.
Basta esperar, previsionar ou nos cercarmos de expectativas em relação ao outro.
Fazemos isso o tempo todo: construímos uma espécie de previsão para facilitar as relações.
Mas, jamais conseguiremos prever o desejo do outro, controlar o desejo de alguém.
Isso é da ordem do impossível.
E aí é claro que uma hora ou outra, desacertamos a previsão.
Trocamos um dia lindo de sol ensolarado por tempestades esparsas, com nuvens negras carregadas, a cobrir o fim da tarde de sexta.
Nesses dias o tempo fica virado, é céu nublado, e a alma então nem se fala.
Uma enxurrada no nosso narcisismo, a nos entregar toda a verdade sobre o mundo: esse lugar é mesmo perigoso.
E os habitantes deste planeta inseguro são pessoas, humanos, demasiadamente humanos.
Imperfeitos em sua essência, embora cresçamos, muitas vezes, na ilusão maternal a ludibriar nosso convencimento de que o mundo é um lugar legal e todas as pessoas são felizes.
Ninguém está imune a se decepcionar, uma hora ou outra vamos padecer da desilusão, ou seremos nós os protagonistas disso.
Traídos ou traidores.
Frustrados ou frustradores.
Baleados ou atiradores.
Quem nunca
Não somos os mesmos depois de uma desilusão, mas sabemos mais uns dos outros a partir dela.
Passamos a suspeitar das previsibilidades humanas de errar, fragilizar, fracassar.
Passamos a saber que não é inteligente esperar de quem não tem pra dar.
E quando somos nós os errantes, percebemos o quanto ferir alguém que amamos se assemelha cortar a própria carne.
Talvez se reestruturarmos o outro dentro de nós, aproximando o da sua humanidade errante, poderemos assim fazer conosco o mesmo, e crescer um pouco mais.
As expectativas correm, sem mais confetes, plumas e paetês.
É melhor esperar menos e se surpreender, do que construir castelos no vento, vê los ruir, e ter que olhar impotente o desengano.
Mas de todas as sequelas que sucedem uma decepção, o aprendizado é o maior risco que corremos.
Decepções são ensinamentos, e isso não significa que seja algo pra se colecionar, emoldurar ou passar na frente todo dia e rezar um pai nosso.
Ficar triturando aquilo, acreditando que nossa dor é a maior do mundo, é amarrar corrente no pé e chicotear a felicidade todos os dias.
Não dá!
Nossos melhores dias vêm após as piores decepções.
Acredite, a gente cria casca e se protege mais, aumenta a imunidade para o dissabor, separa melhor o joio do trigo.
Fazemos mais por nós mesmos, esperamos menos do outro, e acabamos, portanto, mais leves e responsáveis por nossa felicidade.
A gente descobre no fim que o verdadeiro é o que nos traz o bem, isso permanece.
O resto é fumaça, é dor que nas asas do tempo e do perdão sejamos os errantes ou não voa pra bem longe de nós.

Já experimentei a lágrima da solidão, a dor da decepção, a alegria da ilusão.
Já conheci a felicidade e descobri que era mentira, já menti pra mim mesmo, só para esconder aquela lágrima teimosa que insistia em estar em meu rosto demonstrando toda a minha tristeza.
Já fui feliz, mas descobri que desse sentimento eu era ainda um mero aprendiz.
Não sou poeta, posso me basear em outras histórias para saber como descrever a minha.
Sei que posso fazer milhares de coisas e simplesmente não agradarem todos ao meu redor.
Já passei dias tentando me matar.
Passei noites tentando sonhar.
Passei longos momentos, intensos instantes tentando mudar.
Consegui! Um pouco ao menos.
Já senti o frio de uma ou outra doença.
Já amei, sorri, chorei, perdi até o amor próprio.
Mas em muito tempo estou reconstruindo esse meu amor próprio, não apenas com o amor, mas com suor, lágrimas, pra ele conseguir ter paredes fortes, janelas arejadas, onde a coragem de amar flui levemente sempre.
Na memória das pessoas em que passei na vida, ficarei.
E acreditem, por mais que evitem, um bem jamais se apaga.
E eu sei o que fiz! Você sabe o que diz! Pena que mente, não sente! Mas eu não posso me importar todos os dias com pessoas que realmente esqueceram o que é o amor e passaram a fazer coisas opostas ao que se diz respeito.
Para os fortes que moram em castelos de sentimentos, isso passa, esquece e cessa.
Enfim, não sou assim, sou frio, mas sei que um dia posso mudar e rever todos esses meus conceitos, mas até o momento esse sou eu que me conheço de tal maneira a me fazer continuar a viver.
E sei que eu não consigo mudar sozinho, mas todas as coisas que faço foi pensando no melhor, para mim e para você.