[ INDIGESTO ]
Num almoço familiar de domingo,
o filho olha para o pai e diz:
Pai, virei socialista!
O pai, surpreso, respondeu lhe:
“Ok.
Muito bem.
Mas saiba que na minha casa eu sou o Estado.
Para começar, separe algumas coisas suas
[videogame, televisão, celular, roupas]
porque vou dar aos pobres.
Estarei redistribuindo entre os mais necessitados.
A partir de agora, companheiro,
aqui em casa não tem mais nada privado,
tudo que é seu é meu,
ou seja, estatal.
Vou cortar pela metade a sua mesada,
e para recebê la você terá que trabalhar.
[Não me olhe assim.
Eu não sou autoritário! ]
Estarei redistribuindo entre os mais necessitados.
Mas se ficar reclamando, vou ter que te castigar.
Aqui não tem espaço para reacionário!
Você só poderá assistir na TV da sala,
acessar na internet ou ouvir no rádio
aquilo que eu achar educativo,
afinal, meu poder é legítimo [sou seu guardião! ],
e no socialismo o Estado sempre sabe
o que é melhor para o cidadão.
E, tem mais, você só ”
Tá bom, pai! – interrompeu o jovem.
Foi só uma brincadeira!
disse ele com sorriso amarelo,
enquanto bebericava um gole de Coca Cola
na sua caneca vermelha do McDonald’s.
O pai sorriu de volta,
e continuaram, em silêncio,
aquele indigesto almoço capitalista.