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As Vezes

( )Às vezes mais vale desistir do que insistir, esquecer do que querer, arrumar do que cultivar, anular do que desejar.
No ar ficará para sempre a dúvida se fizemos bem, mas pelo menos temos a paz de ter feito aquilo que devia ser feito, ( ).Às vezes é preciso mudar o que parece não ter solução, deitar tudo abaixo para voltar a construir do zero, bater com a porta e apanhar o último comboio no derradeiro momento e sem olhar para trás, abrir a janela e jogar tudo borda fora, queimar cartas e fotografias, esquecer a voz e o cheiro, as mãos e a cor da pele, apagar a memória sem medo de a perder para sempre, esquecer tudo, cada momento, cada minuto, cada passo e cada palavra, cada promessa e cada desilusão, atirar com tudo para dentro de uma gaveta e deitar a chave fora, ou então pedir a alguém que guarde tudo num cofre e que a seguir esqueça o segredo.Às vezes é preciso saber renunciar, não aceitar, não cooperar, não ouvir nem contemporizar, não pedir nem dar, não aceitar sem participar, sair pela porta da frente sem a fechar, pedir silêncio e paz e sossego, sem dor, sem tristeza e sem medo de partir.
E partir para outro mundo, para outro lugar, mesmo quando o que mais queremos é ficar, permanecer, construir, investir, amar.
Porque quem parte é quem sabe para onde vai, quem escolhe o seu caminho e mesmo que não haja caminho porque o caminho se faz a andar, o sol, o vento, o céu e o cheiro do mar são os nossos guias, a única companhia, a certeza que fizemos bem e que não podia ser de outra maneira.
Quem fica, fica a ver, a pensar, a meditar, a lembrar.
Até se conformar e um dia então esquecer.

Tarado é toda pessoa normal pega em flagrante.
Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida.
Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos.
Ou a mulher é fria ou morde.
Sem dentada não há amor possível.
Dinheiro compra tudo.
Até amor verdadeiro.
Só não estamos de quatro, urrando no bosque, porque o sentimento de culpa nos salva.
No Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte.
A morte de um velho amigo é uma catástrofe na memória.
Todas nossas relações com o passado ficam alteradas.
Deus só freqüenta as igrejas vazias.
Copacabana vive, por semana, sete domingos.
Não ama seu marido Pois ame alguém, e já.
Não perca tempo, minha senhora!
A fome é mansa e casta.
Quem não come não ama, nem odeia.
Todo ginecologista devia ser casto.
O ginecologista devia andar de batina, sandálias e coroinha na cabeça.
Como um são Francisco de Assis, com a luva de borracha e um passarinho em cada ombro.
A verdadeira grã fina tem a aridez de três desertos.
No passado, a notícia e o fato eram simultâneos.
O atropelado acabava de estrebuchar na página do jornal.
Não reparem que eu misture os tratamentos de tu e você.
Não acredito em brasileiro sem erro de concordância.
Nossa ficção é cega para o cio nacional.
Por exemplo: não há, na obra do Guimarães Rosa, uma só curra.
Os magros só deviam amar vestidos, e nunca no claro.
Um filho, numa mulher, é uma transformação.
Até uma cretina, quando tem um filho, melhora.
O cardiologista não tem, como o analista, dez anos para curar o doente.
Ou melhor: dez anos para não curar.
Não há no enfarte a paciência das neuroses
Não há ninguém mais vago, mais irrelevante, mais contínuo do que o ex ministro.
Nunca a mulher foi menos amada do que em nossos dias.
O Natal já foi festa, já foi um profundo gesto de amor.
Hoje, o Natal é um orçamento.
Enquanto um sábio negro não puder ser nosso embaixador em Paris, nós seremos o pré Brasil.
Se eu tivesse que dar um conselho, diria aos mais jovens: não façam literatice.
O brasileiro é fascinado pelo chocalho da palavra.
Qualquer menino parece, hoje, um experimentado e perverso anão de 47 anos.
Quero crer que certas épocas são doentes mentais.
Por exemplo: a nossa.
Sexo é para operário.
Desconfio muito dos veementes.
Via de regra, o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro e da obtusidade.
Falta ao virtuoso a feérica, a irisada, a multicolorida variedade do vigarista.