Quando dei por mim, já não sabia mais escrever nada que não fosse sobre você, ou o par de olhos que me engolem em ocasiões inexatas.
Não sabia lidar com o desejo, com a falta, com a fome de amor e afeto que sucumbia o corpo e a alma, num jogo voraz.
Detalhes que me trituram, dias vazios que me consomem e talvez você nem leia as tais cartas que te escrevo todos os dias.
Mas ainda assim, elas existem, e persistem, e devoram talvez um, dois ou três corações jogados ao vento, por pessoas com o mesmo nível de percepção amorosa que você.
E ninguém se culpa, não tem desculpa, nada na vida é tão claro e tão escuro quanto o que se esconde no peito.
Ninguém nega, ninguém mostra, e o músculo pulsante que tanto se desespera pra gritar, faz silêncio, pra ninguém notar que dentro dele dorme solidão, mesmo com bilhões de pessoas do lado de fora.
Enquanto isso, eu faço um café, me sento a mesa e apenas espero os dias passarem.
Talvez meus conflitos diminuam quando eu te ver de novo, mas talvez eles finalmente travem uma guerra.